sábado, dezembro 03, 2005

Embora este blog não pretenda ser um diário da minha vida, ou algo que se pareça, existem dias cuja linha condutora comum merece reflexão...

Comecei o dia na Avenida. Dispunha de bastante tempo para perder em trivialidades, e tomei rumo a uma loja de música que se encontra na Rua de São José. Procurava preços para uma guitarra de cordas, uma vez que a minha fiel viola se encontra em inutilizada. Tinha iniciado uma jornada pelos meandros do consumismo mais puro...

Entrei na loja e interpelei o dono. Respondeu-me que havia vendido uma no dia anterior, e por isso não dispunha de nenhuma na loja. Mostrou-me outras violas, acusticas e semi-acusticas, e depois, motivado pela possibilidade de uma venda, telefonou ao fornecedor. Poucos minutos depois ficou combinado um dia (na próxima terça feira), um modelo (ZS 12 cordas, semiacustíca), um preço (240 €) e um desconto. Saí da loja rendido à ideia de empenhar um pouco dos meus rendimentos em sacrificio ao prazer da música.

Entrei no metro, e rumei aos olivais, não imaginando sequer que pouco depois estaria de volta à Baixa, e iniciaria um mini frenesim consumista.

Encurtando a estória, a meio da tarde encontrava-me no Largo do Calhariz para levantar a carta verde (por ironia, e devido ao pagamento do seguro do carro ainda não estar no sistema informático, estima-se que só para terça a consiga obter). Aproveitei a viagem para comprar uns livros que há muito quero oferecer, e o DVD "A Vida de Brian" para a minha pequena dvdeteca. O passeio terminou no Espinheira, onde comprei uma garrafinha de ginjinha sem elas.

Regressei aos Olivais. Reservei a noite para ver o filme, mas não me contive e coloquei-o no portátil... Que banho de água fria... Nem Media Player, nem Windvd reproduziram o dito. Constantemente davam erro devido à protecção dos direitos de autor. Senti-me defraudado e atraiçoado. Tinha gasto um pouco do meu salário para saborear um prazer que agora me era injustamente negado. Após muitas tentativas frustradas resignei-me. Nada podia fazer. Não tinha direito de ver o dvd que comprei!

Fui jantar. Pita Shoarma... Passei por uma loja e comprei um cabo para ligar o telemóvel ao PC, e assim conseguir passar as fotos e filmes. 10 contos... que abuso por um cabo de ligação, que mais não que de cobre e borracha.

Voltei ao meu cantinho, jantei e passei hora e meia a configurar e acertar os detalhes da ligação do PC e do telele... Tanto tempo perdido.

Bem... Agora que terminei a introdução vamos ao grão...

Como já referi considerei bastante injusto o facto de me privarem de ver um filme que comprei, num portátil que tenho em meu poder. Que raios.... Aqui estou eu, anticonsumista assumido, defensor da liberdade de ouvir musica e de ver filmes liberto dos constrangimentos comerciais impostos por moralidades obscuras a investir o meu capital e a cumprir certos protocolos comerciais, para, no que no fim, ser lixado por protecções comerciais.

Vivemos numa sociedade de consumo, onde se desrespeita quem trabalha duro e se tem deveres e obrigações para com os que são previligiados pelo sistema. E quanto a mim.... O que posso fazer para mudar isso? Em verdade nada. Não posso mudar o mundo, nem as leis que o governa.Mas só porque tenho de viver no rebanho, serei obrigado a ser arrastado pelo seu divagar cego? Recuso-me!

4 comentários:

@ndrei@zul disse...

qd respondi sabia q podia tar a ser "injusta" em algumas coisas.. alías.. confesso q o fiz mais em jeito de provocação do q propriamente de ñ perceber o q quiseste dizer.. p isso don´t worry.. ;) era só pra perceber a profundidade de certas coisas.. =P
qt a este post tenho a dizer só q tb gostava de ñ ser consumista, q luto contra isso mas q ñ ganho mts vezes.. e nem é no q compro pra mim mas pros outros.. :s
baci

Bernardo disse...

epa, não percebi a história do dvd, não consegues ver porquê?
e a guitarra? o que aconteceu à tua guitarra? confesso que fiquei preocupado... acho que é uma perda terrível.
e quanto ao cabo, FDX! 10 contos? se fosses ao monhé compravas mais barato e se viesse estragado, compravas outro e ainda te sobrava dinheiro desses 10 contos...

lucie disse...

Ah ah ah! Bem feita!

Anónimo disse...

Cada vez mais o consumismo ganha lugar de relevo na vida de todas as pessoas e esta época que estamos a viver, o Natal, é uma prova disso! Crianças que querem mais e melhor no que toca a prendas e esquecendo-se dos principais valores e do significado que está por detrás de tudo isso. Também a publicidade que cada vez mais invade este mundo dito “civilizado” nos ilude e esta sim é uma das principais causas dessa “doença” que consome tudo e todos, dando-se valor sim ao produto e não ao consumidor. Contudo, o problema não está na comunicação “tecnológica” que teimamos culpar, o problema está sim nos HOMENS. Muitos pensam como tu, ao bem dizendo: todos pensamos como tu, mas poucos fazem para mudar tal situação, talvez porque seja irremediável.
É esta a visão má da mentalidade de consumo desenfreado que obedecemos hoje, promovendo a superficialidade e o materialismo...Andamos sempre atrás daquilo que necessitamos, acabamos por obter mais do que pretendemos, e nunca nos satisfazemos com aquilo que temos.