quinta-feira, outubro 25, 2007

Desço e subo a cidade, sem pressa nem vagar. Contemplo os edifícios centenários, os turistas alegres, os policias despreocupados. Já é novamente tempo de castanhas e batatas doces assadas, mas não parece ainda, pois o verão resiste e persiste em Lisboa.

O calor é demasiado, sinto-me a ferver. A coerência entre a realidade e a percepção é enorme. Sempre que fecho os olhos, tudo está lá, quando os abro vejo chamas e negritude. Vejo o grande clarão. Não se ouve nada.

Quase tudo desapareceu. Só ruínas e escombros sobraram...

quarta-feira, outubro 10, 2007

Enchi o copo de vinho. Pousei o jarro. Dentro do jarro as sete cidades , há muito esquecidas, ressurgiram. Quantos anos se passaram desde que alguém a todas visitou, sendo peregrino? Quantos séculos passaram desde que elas foram abrigo seguro de um fogo que se espalhou pelo mundo?

A besta insinuou-se e arrebatou-as. Discretamente, humildou-se, fingiu-se arrependida, mostrou-se fraterna, aceitou a hospitalidade que as cidades ofereciam, e silenciosamente as silenciou.

A revelação tem-se revelado vagarosa e paciente, pelos séculos e séculos. Ao som das trombetas um tapete vistoso se abriu, cobrindo o soalho, e o que era santo e humilde se tornou pagão e exuberante. E muitos, ofuscados pela sua aparência de anjo resplandecente, aplaudiram a besta e a louvaram...