domingo, dezembro 25, 2005

...Existem dois livros que considero bastante especiais devido à forma bela em como nos apresentam lições de vida tão importantes de uma forma tão simples. Utilizando a cortina da inocência apresentam-nos, pela sua estória, dois alicerces fundamentais à nossa felicidade como humanos: um dos segredo do amor e a beleza do brilho da amizade.

Poucos livros conseguem criar um nível de empatia de tal ordem que o seu desfecho fatalista arrasta uma lágrima do fundo do coração. O Principezinho, é um desses livros arrebatadores. É uma obra prima, pois mascarado numa estória infantil, cheia de inocência, encontra-se uma lição de vida muito dirigida aos adultos: "o essencial é invisivel aos olhos".

No mundo adulto, quando o deslumbramento da descoberta do mundo é substituído pelo pragmatismo do pão de cada dia, algo de muito importante é secundarizado: a importância da dimensão da amizade nas nossas vidas. Nos anos verdes o tempo é-nos oferecido em excesso, e a descoberta do mundo canaliza a nossa curiosidade para relacionamentos com aqueles que nos rodeiam, e a nossa energia tranforma esses relacionamentos em brincadeiras, discussões, amores, paixões, ódios e amizades. Nesse contacto com os que nos rodeiam, no fluxo do tempo que nos absorve, no sentir do mundo que nos envolve, o doce sabor efémero desses momentos é mascarado pelo deslumbramento dos sentidos.

Só quando o sol se põe apreciamos o esplendor do seu espectro de cores, e enquanto a noite se arrasta sentimos quão fria é a vida na sua ausência. Assim, acordamos várias vezes durante a vida adulta: em meio da noite gelada, aquecidos pelos raios de luz que se armazenaram nos nossos corações, sonhando a beleza da aurora.

o Principezinho é o meu Yin, Siddartha é o meu Yang.

Herman Hess, na sua escrita dança com as palavras, e neste conto relata a estória de um asceta Hindu, e da sua busca pela felicidade e pelo sentido da vida. É um tema recorrente, que nos assombra regularmente. Durante o seu caminho de vida, o asceta experimenta tanto a privação extrema como o excesso da luxúria, e finalmente encontra a sua resposta ao escutar a serenidade de um rio: que a dimensão do amor é a essencia da vida, e que esta dimensão não se consegue exprimir plenamente quer pelas palavras, quer pela dissertação.

Só vivendo e plenamente amando se reconhece o amor. Só plenamente amando a vida tem sentido. E o saborear da amizade é o reconhecimento da presença do amor por aqueles que connosco partilham o Reino...

3 comentários:

Sissa disse...

ja me aconselhaste o Siddartha e eu ainda não o li. tá mal... :p

bju bju**

Anónimo disse...

Siddartha, tenho este livro a algum tempo! E dps de ler o teu texto tive curiosidade.
Fica a saber que acabei de ler esta semana!
Bjs
CM

p1ngger disse...

e eu tenho de o reler ;)