quinta-feira, abril 13, 2006

A tarde de sol e o ceu azul. Na zona dos restaurantes muitos percorriam as ofertas existentes, outros tantos já almoçavam. Debruçado na janela, observando distraidamente o movimento, Luis saboreava o seu cigarro. Era uma tarde realmente bela. Sem vento, sem pressas nem compromissos. O ar estava limpo, tão limpo que lhe permitia observar a paisagem distante, bem para além do rio, bem para além do aglomerado de betão da metrópole, esbarrando no verde da serra. Perdido, viajava os olhos pelas nuances das amálgamas de rochas, liquenes, vegetação e rochedos, tudo contrastando com o azul panorâmico. Que tarde bonita. E que belo o prazer de saborear o cigarro após a refeição, acalentando o corpo com o calor do seu fumo.

Joana encontrara Rui Pedro almoçando. Comprimentara-o, e sentara-se fazendo-lhe companhia à refeição, tendo ela já almoçado antes de sair de casa. Saira de casa para observar os vestidos e as tendências da moda, pois aproximava-se o casamento de que seria testemunha e madrinha. Exigente e selecta, procurava ideias boas e más para adequadamente as aceitar ou rejeitar, quando finalmente escolhesse a toilette na costureira. Na mesa a conversa tinha sido banal, mas agradável, percorrendo ligeiramente as novidades das vidas de vários amigos comuns. Após o café e a conta encerrarem o ritual do almoço de Rui, ambos se levantaram da mesa e passearam descomprometidamente, cavaqueando entre si e oferecendo sorrindos ao resto do mundo.

Rui escutava Joana deliciado pela sua jovialidade, enquanto absorvia toda a excelência daquela tarde de Primavera. Repararam na janela, e reconheceram o jovem Luis, amigo comum de ambos, e filho de amigos comuns a ambos, plantado à janela, saboreando o seu prazer perdido nos seus pensamentos. Joana e Rui sorriram, cúmplices... Sabiam que os de Luis pais não ficariam satisfeitos em descobrir que o seu rebento já adquirira tais hábitos, mas também sabiam que nenhum deles tomaria o papel de delator. Tocaram olhares e sorrisos, o olharam de novo para Luis, que estava totalmente absorto na beleza do horizonte. Sorrindo, acenaram a Luis. Luis, viu movimento, e olhou curioso para aquelas duas personalidades que se destacavam da multidão. Primeiro, curioso, com os olhos semiserrados, para subitamente se abrirem espantados e incrédulos. O braço esquerdo, que apoiava o corpo à janela elevou-se em resposta, numa saudação automática, mais fruto do reflexo condicionado que da alegria, e simultaneamente, os dedos da mão direita, que até então seguravam o cigarro, abriram-se, deixando cair o cigarro, que abandonado ao sabor da gravidade, rodou até encontrar o chão. Embaraçado Luis recolheu-se, fechando a janela. Rui Pedro e Joana continuaram a acenar até Luis se esconder em casa. Riam-se pois finalmente tinham um assunto de conversa divertido, que foi repetidamente degustado e saboreado pelos dois enquanto durou essa magnifica tarde.

2 comentários:

Anónimo disse...

gostei... boa descrição de uma tarde banal xD

p1ngger disse...

o engraçado é k para o puto k foi catado a fumar não foi nada banal ;)