sábado, abril 22, 2006

O rapaz ficara mudo e atónico. "Oh lindo, não tenhas medo, porque contigo perdi o meu medo." Carolina abraçou-o, e o seu calor, a doçura do seu corpo reconfortou-o. Estava-se sem palavras, agora eram desnecessárias. Os pensamentos complexos, confusos fluiam e desapareciam numa cadência psicadélica. Carolinha voltou a apontar para o horizonte. "Está a aparecer! Está a aparecer! Está a acontecer! Ai, valeu bem a pena esperar por ti!" E, acto continuo, lançou-se num abraço, apertando Marcio contra si. Ele correspondeu, encostando a testa ao pescoço de Carolina. Depois cedeu, e quebrou um primeiro beijo na face da rapariga. Cerrou os olhos, e deixou os lábios expressarem todo o seu carinho, até que, na sofreguidão dos beijos, as bocas se encontraram e se entrelaçaram. Nos céus, contrastando com a abóboda cinzenta e nublada, as sete cores que riscavam o céu desdobravam-se em outras sete faixas criando um novo arco-iris, um irmão gémeo ostentando as mesma sete cores, mas que era imagem espelhada do original. A esperança de Carolina em encontrar o amor tinha-se confirmado, e agora ela satisfazia o seu desejo de paixão nos lábios de quem durante tanto tempo tinha esperado.

Passou uma hora, duas horas, três horas, um mês, um ano, uma vida inteira, uma eternidade. Juntos e abraçados, os dois sentiam-se um. O tempo retrocedeu, e os corpos jovens rejuvensceram mais, até onde a inocência reinava. Duas crianças agora sentadas naquele banco, ela com oito anos, ele com seis. Os beijos tinham parado, dando lugar à simplicidade de duas mão dadas. "Gosto de ti!", confessou a rapariga, sorrindo. "Também gosto de ti. Muito!" respondeu ele, sorvendo o ar, enchendo o seu peito com o ar quente daquela alegria que o rodeava. Olhou em seu redor, e notou que o banco se tinha elevado no ar, transportando-os na direcção dos Arco-iris.

1 comentário:

Cinnamon disse...

(= este revolver de tempo até aos 6anos é tão bom... e o balouçar das pernas no banco...