segunda-feira, abril 03, 2006


A minha tradução do texto "for whom the bell tools" (a versão inglesa encontra-se neste blog, nos arquivos de janeiro de 2006). Utilizei o texto numa oração, no passado sábado, por não encontrar nada da net, tive de o traduzir...

Esta versão ficou incompleta, pois preferi retirar o ultimo parágrafo, para que a complexidade das ideias não se misturasse com um mau português, e dessa forma, retirasse impacto ao texto.


Talvez aquele para quem o sino toca se encontre de tal forma em aflição que não compreenda que o sino dobra para ele. E, possivelmente posso assumir que me encontro bastante melhor do que estou, de tal forma que aqueles que me rodeiam, ao constarem o estado em que me encontro, o tenham feito tocar para mim, sem de que tal eu me tenha apercebido.


A igreja é Católica, universal, e assim são todas as suas acções. Tudo o que faz a todos pertence. Quando uma criança é baptizada, essa acção diz-me respeito; pois essa criança fica ligada ao corpo que é, também, a minha cabeça, e torna-se parte desse mesmo corpo do qual também eu sou um membro. E quando ela enterra um homem, essa acção diz-me respeito: toda a humanidade tem um só autor, e constitui um só volume; quando um homem morre, um capitulo não é simplesmente arrancado do livro, mas sim traduzido para uma língua superior; e todos os capítulos serão assim traduzidos. Deus emprega várias formas de traducção. Alguns trechos são traduzidos pela velhice; alguns pela doença; alguns pela guerra; alguns pela justiça; mas a mão de Deus encontra-se em toda as traduções, e essa mesma sua mão reunir-á todas as nossas folhas dispersas, reunindo-as naquela biblioteca onde todos os livros se encontrarão, finalmemnte, abertos uns para os outros. Assim, o sino que toca para o sermão não chama somente o pregador, mas também toda a congregação, e como tal esse sino chama-nos a todos; mas, especialmente a mim, que sou trazido tão perto desta porta pela minha própria aflição.


Em tempos, ocorreu uma discussão sobre a adequação (na qual tanto piedade e dignidade, religião e opinião, se encontravam misturadas) acerca de que ordem religiosa deveria tocar para as orações matinais; e ficou assente que tocaria primeiro aquela que primeiro se levantasse. Assim, se reconhecermos a legitimidade deste sino, que nos chama a todos à oração matinal, deveremos ficar felizes por nos levantarmos cedo, respondendo ao chamamento universal. O sino toca para quem o reconhece; e mesmo na intermitência do seu dobrar, encontramo-nos continuamente em unidos a Deus.


Quem não eleva o seus olhos aos céus quando o sol nasce? E quem consegue desviar o olhar de uma estrela cadente, quando esta se desfaz na atmosfera? Quem não levanta o seu ouvido para os sinos que tocam? E quem consegue abstrair-se daquele sino que deixa a sua marca efémera neste mundo? Nenhum homem é uma ilha, inteiro em si próprio; todo o homem é um pedaço do continente, um pedaço da Terra. Se um torrão for arrastado para o mar, a Europa fica diminuida, tal como ficaria caso um promontório fosse arrastado, ou a mansão um dos meus amigos, ou a minha própria casa. Da mesma forma, a morte de qualquer homem me diminui, pois eu sou uma parte de toda a humanidade. Assim, nunca procuro saber para quem toca o sino; ele toca para ti.



hoje... ao procurar a parte que não tinha traduzido, encontrei esta versão. ironias...


Pode ser que aquele por quem esse sino dobra esteja tão doente, que ele nem perceba que o sino dobra por ele. Pode acontecer também que eu me julgue tão melhor do que eu realmente sou, que aqueles que me conhecem e vêem meu estado, julguem que ele dobra por mim e eu nem saiba.

Quando ela batiza uma criança, aquela ação também diz respeito a mim porque aquela criança se torna conectada ao mesmo corpo cuja cabeça também é minha cabeça. A partir daquele momento ela é incorporada ao corpo do qual eu também sou membro.E quando ela sepulta um homem, também aquela ação me diz respeito porque toda a humanidade é obra de um mesmo autor, uma obra de um só volume.

Um capítulo não pode ser arrancado de um livro, ele apenas é traduzido numa melhor linguagem e cada capítulo precisa ser traduzido.

Deus emprega diversos meios de tradução. Alguns são traduzidos pela idade, alguns pela doença, alguns pela guerra, outros pela justiça, mas a mão de Deus é onipresente em cada tradução e sua mão reúne novamente todas as folhas dispersas naquele livro que um dia se abrirá novamente.Portanto o sino que dobra anunciando o sermão não chama apenas o pregador, mas convoca toda a congregação. Esse sino é um chamado para cada um de nós, mas muito mais para mim que fui trazido tão próximo à passagem eterna por causa dessa doença.. Existe uma controvérsia, se é que podemos considerar assim ( no qual tanto piedade como dignidade, religião e estima se encontram misturados) sobre como as ordens religiosas deveriam tocar o sino: primeiramente, logo pela manhã convocando para as matinas e assim foi determinado que tocasse sempre ao romper da aurora.. Se pudéssemos compreender a dignidade desse sino que dobra chamando-nos para as orações de cada dia, ficaríamos felizes de acordar cedo para nos aplicarmos a esse exercício que também diz respeito a todos nós. O sino dobra por aquele que julga que não é chegado o seu momento e, no entanto no momento em que o tempo é chegado, ele também vai se unir a Deus. Quem seria capaz de não levantar seus olhos para o sol que se desponta? Quem seria capaz de ignorar um cometa que risca o horizonte? Qual ouvido seria capaz de ignorar o sino que dobra em cada ocasião?

Nenhum homem é uma ilha, um todo por si mesmo. Cada homem é parte de um continente, um pedaço de um domínio. Se um istmo é arrastado pelo mar, a Europa se torna menor, como se fosse um promontório ou a morada de um amigo ou quem sabe a minha própria. A morte de cada ser humano me diminui porque eu também sou parte da humanidade, portanto nunca procures saber por quem os sinos dobram, eles dobram por ti.Não podemos dizer com isso que estamos implorando ou chamando a desventura, (como se já não fôssemos desventurados por nós mesmos!), mas que devemos tomar o exemplo do que se passa com o próximo e tomar como nossos suas misérias e infortúnios.Essa seria verdadeiramente uma inveja desculpável, visto que a aflição é um tesouro e raramente encontramos alguém que a tenha em demasia. Não existe um só homem que acometido pela tribulação não tenha crescido e amadurecido tornando-se digno perante Deus por causa do seu sofrimento.Se um homem carrega um tesouro em barras de ouro e não o cunhar em moeda corrente, esse tesouro jamais se desvalorizará ao longo da jornada.

A tribulação é um tesouro por natureza, mas não tem nenhum valor como moeda corrente. Seu valor só aumentará na medida em que formos aproximando do nosso destino, a morada celestial. Um outro homem poderia estar enfermo nesse momento e talvez sua aflição se esconda em suas entranhas como o ouro em uma mina. Pode ser que ele nada aproveite desse tesouro, mas o sino que dobra anunciando-me sua aflição, cava fundo nessa mina e aplica os méritos desse ouro também a mim...Se ao considerar a situação em que ele se encontra, eu tomar como meu o seu exemplo e assegurar minha alma buscando refúgio em Deus que é a nossa única segurança e proteção.



ambos os trabalhos serão uns bons alicerces para uma versão portuguesa final.

Quem sabe, daqui a uns meses...

1 comentário:

Anónimo disse...

Ou mais cedo... De qualquer forma, a actual tem todo o mérito e merece também o nosso reconhecimento.