sexta-feira, agosto 18, 2006

Como se mede o sucesso ou fracasso de uma peregrinação que não aconteceu? Da mesma forma que se mede as que terminam na nossa Meca pessoal: não se mede, não importa a quantificação do que é inquantificável. Segui confiante em chegar novamente a Santiago, desta feita pelo caminho Inglês. Iniciando o caminho na cidade galega de Ferrol, efectuaria quatro etapas até alcançar a cidade Santificada pelo sepulcro do Apóstolo, palmilhando depois até Finisterra e terminando em Muxia.

Infelizmente, não ocorreu. Algo pessoal me obrigou a seguir com o equipamento para caminhar ao Sol e suportar calor; quando acordei em Valença vendo o céu cinzento e carregado, o anúncio de uma chuva persistente, que possivelmente se manteria no norte da península até ao final da semana, aconselhou-me a regressar com a mochila e os meus planos ao Alentejo. Assim fiz, sem falsos orgulhos nem falsas vergonhas.

Tem de fazer parte de nós aceitar quando a adversidade, ou simplesmente as inerências das limitações da vida, nos negam um desejo ou um capricho. Com humildade sincera e um sorriso acolhedor devemos aprender a aceitar algumas dádivas que nos trancendem, e que por não as compreendermos, ao sermos incapazes de vislumbrar a sua magnitude plena, sentimo-nos tentado a recusar estas ofertas gratuitas, na ilusão de concretizar teimosamente um capricho.

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