segunda-feira, março 27, 2006

Adoro as leis de murphy, e por isso delirei com estas, feitas por crianças. Degustem e apreciem. Logo comentarei...

"Se gostavas de ter um cão, começa por pedir um cavalo."
Luis - 13 anos


"Nunca te metas com uma miúda que já te bateu uma vez"
Pedro - 9 anos


"Se a tua mãe esteve a discutir com o teu pai, não a deixes pentear-te."
Sara - 12 anos


"Se quiseres dar banho a um gato, prepara-te para tomares um também."
João - 10 anos


"Nunca se deve confiar num cão para guardar a nossa comida."
Gonçalo - 11 anos


"Nunca entre numa corrida com os atacadores desapertados."
André -12 anos


"Quantos mais erros faço mais esperta fico."
Inês - 8 anos


"Há muitas coisas que a gente sabe e que as notas não dizem."
Rita - 10 anos


"Quando as coisas estão escritas em letras pequenas é porque são importantes."
Diogo - 10 anos



ATRACÇÃO FATAL

"Não sei. Acho que é por causa do cheiro das pessoas. Por isso é que os perfumes e os desodorizantes são tão populares."
João - 9 anos


"Primeiro temos que ser atingidos por uma seta. Depois, deixa de ser uma experiência dolorosa." Helena - 8 anos.

"Se uma pessoa tiver sardas, ela vai-se sentir atraída por outra que também tenha sardas."
André - 6 anos



A IDADE CERTA PARA CASAR

"Aos oitenta e quatro anos, porque nesta idade ja nao precisamos de trabalhar e podemos passar o dia inteiro a namorar com a outra pessoa."
Júlia - 8 anos


"Eu vou-me casar assim que sair do infantário."
Tomas - 5 anos




SOLTEIRO OU CASADO ?

"As raparigas devem ficar solteiras. Os rapazes devem casar-se para terem alguém que lhes limpe a roupa e lhes faça a comida."
Catarina - 9 anos


"Fico com dor de cabeça só de pensar nesse assunto. Sou muito pequena para pensar nesses problemas."
Lina - 9 anos


"Uma das pessoas deve saber preencher um cheque. Mesmo que haja muito amor, é sempre necessário pagar as contas."
Eva - 8 anos



MANTER UMA RELAÇÃO

"Passar a maior parte do tempo a namorar em vez de irmos trabalhar."
Tomás - 7 anos


"Não esquecer o nome da namorada. Isso estragava tudo!"
Ricardo - 8 anos


"Pôr o lixo lá fora todos os dias."
Guilherme - 5 anos


"Nunca dizer a uma pessoa que se gosta dela se não for verdade."
Pedro - 9 anos



BELEZA

"Não tem a ver com sermos bonitos ou não. Eu sou bonito e ainda não encontrei ninguém para casar comigo."
Ricardo - 7 anos



TÁCTICAS INFALÍVEIS

"Diz a toda a gente o quanto gostas dela. E não te importes se os pais dela estiverem ao pé."
Manuel - 8 anos


"Levá-la a comer batatas fritas, costuma funcionar."
Bernardo - 9 anos


"Eu gosto de hamburgueres e também gosto de ti."
Luis - 6 anos


"Abanamos as ancas e rezamos para que tudo corra pelo melhor."
Carla - 9 anos



AMOR

"O amor é a melhor coisa que existe no mundo. Mas o futebol ainda é melhor!"
Guilherme - 8 anos


"Sou a favor do amor, desde que ele não aconteça quando estão a dar desenhos animados."
Ana - 6 anos


"O amor encontramos mesmo quando nós tentamos nos esconder dele. Eu fujo dele desde os 5 anos mas as raparigas conseguem sempre encontrar-me."
Nuno - 8 anos


"O amor é a loucura. Mas quero experimentar um dia."
Fabio - 9 anos

quinta-feira, março 23, 2006

Ser poeta é lixado, reclamava há dias alguém na rádio. Pois é: tomar a opção de vida de não fazer nada, e de viver dos rendimentos dos outros oferecendo-lhe palavras doces e oníricas é uma profissão em risco de subsistência. Afinal, cada vez mais, e melhor, se pode colher, gratuitamente, na internet, as ofertas de ideias e palavras que muitos que são poetas, sem dessa profissão viverem, distribuem por quem os queira receber.

Sou contra os subsidios excessivos aos artistas, pois acredito no reconhecimento do mérito, e não na subsistência subsidiada. Talvez por isso não gostem muito daqueles que querem ser poetas profissionais, pois ser poeta nunca pode ser uma profissão ou um modo de vida. Pois a poesia surge do sofrimento, da ausência, da privação, da vida em tribulação.

terça-feira, março 21, 2006


Pode ser que um dia deixemos de nos falar...

Mas, enquanto houver amizade faremos as pazes de novo.

Pode ser que um dia o tempo passe...
Mas, se a amizade permanecer, um do outro há-de-se lembrar.

Pode ser que um dia nos afstemos...
Mas, se formos amigos de verdade, a amizade nos reaproxima.

Pode ser que um dia não mais existamos...
Mas, se ainda sobrar amizade, nasceremos de novo, um para o outro.

Pode ser que um dia tudo acabe...
Mas, com a amizade construiremos tudo novamente, cada vez de forma diferente.
Sendo único e inesquecivel cada momento que juntos viveremos e nos lembremos para sempre.

Há duas formas para viver a nossa vida:
Uma é acreditar que não existem milagres...
Outra é acreditar que todas as coisas são um milagre...

(talvez de Albert Einstein...)

segunda-feira, março 20, 2006

Definitivamente tenho de comprar um computador portátil...

Estou farto de perder ideias :(

sexta-feira, março 17, 2006

Rebanho

Tu, que vives isolado, no teu canto, sem nunca gritares. Tu, perdido no grupo, tudo vez sem nada reparares! E quando tentas, finalmente, marcar um passo e te afirmares, existe alguém que te estende a mão e te empurra para te afundares!

Nesse dia terei pena de ti... Finalmente tu irás ver! No rebanho a presa és tu; meu amigo, eu vou-te comer...

Tu hás-de chorar pelo tempo que deixas passar, pelas horas que te escorrem pelas mãos, e tu vivendo sem teres convicção...

Nesse dia terei pena de ti... Finalmente tu irás ver! No rebanho a presa és tu; meu amigo, eu vou-te comer...
Como um tapete que foge debaixo dos nossos pés, desiquilibrando-nos e derrubando-nos no chão, assim o meu tempo me fugiu. Não esperava, e já não nem me lembrava como era esta sensação, e por isso estou num estado de semi-confusão. De repente, onde havia um excesso de disponibilidade surgiu um enorme vacuo, sugando energias e alegrias.

Como um tapete que foge debaixo dos nossos pés, desiquilibrando-nos e derrubando-nos no chão, assim o meu coração me fugiu. Não esperava, e já não nem me lembrava como era esta sensação, e por isso estou num estado de semi-confusão. De repente, sem de modo algum estar preparado, encontro-me num vortice de emoções.

Agarro-os, seguro-os, puxo-os de volta, obrigo-os a voltar a mim, senão ao meu controlo pelo menos à aceitação do rumo que querem tomar. Como duas capas, neles me embrulho... Não os consigo prender, e por isso deixo-me arrastar pela sua magia, preparo um sorriso, e aprendo a apreciar a viagem.

quinta-feira, março 16, 2006

(A)The other night dear as I lay sleeping,
I dreamed I (D)held you in my (A)arms,
When I a(D)woke dear I was mis(A)taken
And I hung my (E)head and I (A)cried,

Chorus:
You are my sunshine, my only sunshine,
You make me (D)happy when skies are (A)gray,
You'll never (D)know dear, how much I (A)love you,
Please don't take my (E)sunshine (A)away,

I'll always love you and make you happy,
If you will (D)only say the (A)same,
But if you (D)leave me to love an(A)other,
You will regret it (E)all some (A)day,

Repeat Chorus

You told me once dear, you really loved me,
and no one (D)else could come be(A)tween,
but now you've (D)left me and love an(A)other,
you have shattered (E)all my (A)dreams,

Repeat Chorus

quarta-feira, março 15, 2006

genuinamente gosto desta palavra.

quinta-feira, março 09, 2006

One Question IQ Test





Here's a one question IQ Test to help you decide how you should spend the rest of your day......





There is a mute who wants to buy a toothbrush. By imitating the action of brushing one's teeth,



he successfully expresses himself to the shopkeeper, and the purchase is done.





Now if there is a blind man who wishes to buy a pair of sunglasses, how should he express himself?



Think about it first before scrolling down for the answer.







































He opens his mouth and says. "I would like to buy a pair of sunglasses."

If you got this wrong - please turn off your computer and call it a day.



I've got mine shutting down right now.

terça-feira, março 07, 2006

Falemos de caricaturas... Exactamente, essas mesmos... Aquelas que quase meio mundo defende, aquelas que quase meio mundo queima, e aquelas com as quais quase meio mundo pouco se importa.

Assusta-me a dimensão da polémica das caricaturas. Não por estas ferirem a sensibilidade religiosa de milhares (milhões...) de pessoas, mais por constatar quem são os principais intervenientes.

A liberdade de um artista em criar é indiscutivel, pois, em ultima análise, a criação das suas obras é um mérito em si, oferecido pelo Pai ao que soube investir e fazer render os seus talentos. Mas se uma coisa é criar algo cuja beleza pode ser apreciada ou não, outra é forçar uma obra criada a quem a considere ofensiva, ou pior, transformar essa mesma obra num icon de arrogância e de intolerância. Compreendo que o islâmismo se sinta ofendido: afinal a sua lei não permite imagens humanas, e por isso será ainda menos permissiva à profanação da imagem do seu profeta em caricaturas.

sábado, março 04, 2006

Lembro-me da ultima vez em que estive violentamente apaixonado.

Lembro-me da inquetude que surgia com a ausência da pessoa amada; lembro-me de procurar partilhar avidamente os pequenos e grandes momentos; lembro-me de apressar actividades e compromissos de forma a regressar ao conforto do ninho o mais depressa possivel.

Lembro-me de como o mundo se transformou em dois mundos distintos e na maior parte das situações antagónicos: um mais pequeno e retrito, composto por duas almas presas a dois corpos que se queriam um só em toda a extensão, alcançando toda a sua plenitude num plano existencial privativo, no qual todas as promessas de felicidade eterna confluiam e se concretizavam em cada segundo; e um mais real e cru, onde os planos esboçados em sonhos comuns esbarravam no pragmatismo da realidade...

segunda-feira, fevereiro 27, 2006

não é todos os dias que se tem honras de guest star noutro blog, mas hoje foi um desses dias.

Só espero sobreviver à aventura...
Mais cedo ou mais tarde vai ser tarde demais...

Gosto desta frase.

Faz-me pensar na importância de cada momento, na tendência humana em adiar coisas importantes, e na forma como se ignora a influência do fluxo cronológico nas nossas vidas.

sexta-feira, fevereiro 24, 2006

Bem, pelos vistos vai ser mais um dia de festa... Desta vez espero que não vejamos baratas, e que a mousse esteja à medida do nosso palato e exigência.

Como um bom amigo, ensinaste-me um monte de coisas, aprendeste outras, criamos uma cultura e uma contracultura, fazemos parte dos numeros e estatiscas de vários departamentos, encontramos aventuras vivemos experiências que de outro modo não seriam tão interessantes.

Lisboa mantem-se uma descoberta, e explorá-la continua a recompensar...

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Gosto de ser original q.b., por isso, em vez de UM desafio proponho DOIS.

E confesso que estou curioso, tanto pelos resultados, como por saber quem responde...

Como diria um amigo meu: agora é que é a porra...
mais um teste...




You Are Barney



You could have been an intellectual leader...



Instead, your whole life is an homage to beer



You will be remembered for: your beautiful singing voice and your burps



Your life philosophy: "There's nothing like beer to give you that inflated sense of self-esteem."

terça-feira, fevereiro 21, 2006

um teste do qual gostei do resultado

Sabe como curtir a vida, mas sem cometer exageros. É muito preocupado e se priva das coisas por excesso de cuidado. Gosta de desafios e fortes emoções.

Não se preocupa tanto com a beleza exterior e, sim, com a essência das coisas. Não consegue ficar sozinho. Gosta de estar sempre rodeado de amigos e da família. Encara a realidade de frente e procura manter pés no chão.É simples, realista e direto. Nada de rodeios ou frescuras.

Troca o dia pela noite. Adora festas e baladas. Até gosta de morar na cidade, mas não se dá bem com a correria, o trânsito e o stress. Sabe digerir e resolver sozinho seus problemas.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006


It__ starts__ with__

É noite de lua cheia. O caminho leva-me de regresso casa imerso na palete de cores que a rua me oferece. Altiva e sorridente, a lua, senhora dos desvios da vida e guardiã de amores perdidos, observa-me, disseca-me, despe-me, desnuda-me, ignorando os meus protestos, e totalmente ciente da minha impotência para lhe resistir.

"tão pouco conheces...", atira, "julgas que o mundo foi forjado pela medida da tua presunção de simplicidade?"

Surpreendido congelo. No meio da rua transformo-me numa estátua de preconceitos ignorada pela turba.

All__ I__ know__
Sou sensível à beleza e à presença subtil da verdade nos gestos sinceros. E por isso facilmente cedo às rescaidas emocionais: onde reconheco a doçura aí entrego a minha docilidade: onde encontro uma rosa quero tomar parte no seu cheiro. Isso eu sei. E nisso a lua conhece-me melhor que eu.

It's__ so__ unreal__
"Podes gostar de uma rosa, podes venerá-la além da tua compreensão, podes até oferecer-lhe a tua dedicação eterna, mas ela manter-se-á uma rosa, e na sua natureza será sempre uma flor. Nunca podes esperer que uma rosa seja mais que uma flor, pois então deixaria de ser uma rosa, e transformar-se-ia em algo que não uma rosa.", continuou a lua, perante o meu olhar estarrecido e perplexo, "As tuas desandanças lembram-me uma canção que os meteoritos entoam na sua divagação pelo universo. É uma estória de amor que abarca três seres um triângulo amoroso peculiar: uma rosa, um principe e uma ovelha. Todos se amam, mas cada um ama o outro de forma diferente, mas por muito que queiram não podem evoluir no seu amor, pois esse amor está preso a um equilíbrio delicado, que será irremediavelmente desfeito quando a mais pequena circunstância se modificar. Assim, pelo bem do seu amor, estão presos ao seu ritmo diário." Finalmente respiro, numa exalação profunda, libertando todo o ar que tinha dentro de mim, e respondo-lhe, inseguro se existia alguma inquirição insinuada, ou se aquelas palavras constituiam uma afirmação explicita e concreta: "não percebo..."

Watch__ it__ go___
"Cada um tem a sua natureza, e uma beleza que lhe está intrinsecamente ligada. Lembra-te da estória do escorpião e da tartaruga... É o mesmo que acontece quando, por te deixares enfeitiçar por uma paisagem verdejante nela constrois a tua casa e o teu jardim: aparentemente conquistas a paisagem e toma-la para ti, mas a verdade é que ao conquista-la tu a perdes, pois destrois a pureza que te cativou. ", explica-me, com a dedicação das palavras serenas.

"Acho que compreendo!" Devolvo-lhe o sorriso, embrulhado-o numa desculpa: "A arrogância da simpatia foi porta da minha ignorância". Despeço-me da lua confiando-lhe com um beijo, pois sei que ainda esta noite ela o entregará discretamente a quem de direito.


I__ tried__ so__ hard___ And_ got_ so_ far__
But in the end__ It doesn't even mat__ter__
I__ had__ to__ fall___ to_ lose_ it_ all____
But in the end__ It doesn't even mat__ter__er_er_er__

sábado, fevereiro 11, 2006

Seguia-mos o caminho que leva ao lugar em k nos conhecemos, às vezes nos encontramos, e a nossa vida encontra sentido. Não sozinhos, salvo por alguns segundos, suficientes para me segredares um atropelo:"vou partir".

As palavras jorraram, belas e puras, da fonte de sinceridade. Mas encontraram-me desprevenido, e como uma muralha de água inundaram os meus sentimentos; por muito pouco não me afoguei, arrastado pelo desalento. Muitas vezes não é preciso saber nadar, basta saber boiar... No meio do torbilhão, sem ter pé nem boia onde me agarrar olhei os teus olhos, e serenei... A honestidade com que forjaste a tua verdade emergiu e encontrou-me, e dela fiz a balsa em que sigo, neste rio que de súbito surgiu, e que tão rápido se aproxima da foz...

segunda-feira, fevereiro 06, 2006

(banda sonora opcional para o texto... ou simplesmente uma piada standalone com direito a legendas -existe um iconezinho para as legendas, num dos cantos inferiores da animação-...)

Olhando para mim, a janela sentou-se à minha frente. A rua fez uma vénia e apresentou-se, dizendo que naquela noite seria a minha companheira. O relógio foi o meu confessor. O termómetro, discreto, sussurrava-me segredos.

A grande transparência de vidro permitia que o olhar frio da rua me encontrasse. Pela estrada molhada passeavam-se centenas de vidas, que ainda procuram chegar a lugar seguro. Os faróis cadentes cruzavam a noite, transportando-se em realidades paralelas para mim interditas. Nas minhas costas o tempo parava, e estórias sem idade flutuavam numa elipse intemporal, fundindo-se numa amálgama de trivialidades quase esquecidas. Pedaços de vidas dipersos encontravam pedaços de esperança perdidos, um complemento efémero no efusivo encontro. A minha companheira fielmente testemunhou a reconstrucção de puzzles até aí desconhecidos, colagens inocentes a partir de incoerências de memórias colectivas. Depois pintou-me quadros com milhares de cores que desconheço, sussurrou-me confidências e centenas de segredos que jamais conseguirei compreender, surpreendeu-me com novidades em noiticias que eu julgava já conhecer. Longe e distante, o que via pela transparência a mim relatava, adicionando pormenores e profundidades imperceptiveis para mim, pois eu observava demasiado perto.

O tempo ria-se, eu lhe contava o que tinha acabado de aprender, e conforme adicionava o toque da minha própria experiência. A sala enchia-se de doces e estranhos perfumes, enquanto que mil cores de mil arco-irís dançavam delicadamente em harmonia com as vozes daqueles que a janela reflectia. Em todo o tempo foi bom ouvinte, nunca se importando com o com a dimensão da verdade nas estórias em si, nunca ligando à falta, ou excesso, de dimensão das personagens que eu lhe descrevia, nem se importando com a inexistência de coerência narrativas entre situações paradoxalmente distintas e distorcidas, que ocasionalmente salpicava a minha narrativa. Quando às vezes eu parava de falar, e a rua se silenciava, a janela piscava o olho ao tempo, e então este, sorrindo simpático, lá disparava quanto tempo tinha passado desde a última vez em que tinha dito algo: cinco minutos; dez; dois; quase meia noite; já quarenta minutos; hora de ires embora, pois ainda outros terei de ouvir neste dia que subitamente começou. "Ainda antes que o sol assuste a noite, e a expulse para longe das colinas que tanto ama, muitas mais estórias terei de ouvir!"

Também o tempo me fintava, e quanto mais eu contava, menos contava, decrescendo degraus para valores de desconforto considerável. "Vem ter comigo. Eu e a rua a vós esperamos", brandavava constantemente, desafiando coragem e resistência, seguro no seu apelo que inevitavelmente seria respondido. De repente esvazou-se a janela, e esta entristeceu-se; o tempo, sempre sereno, segredou-me que era tempo; a rua abriu-se a nós, dedicou-se toda, de braços, mãos e dedos esticados, amante apaixonada sempre pronta a nos acolher dentro de si; e o tempo, sempre severo para o menos prevenidos, já havia tempo que pacientemente, minuto a minuto, grau a grau, passinho a passinho, nos aguardava.

As ultimas estórias encontrei-as sem o filtro da janela. Encontros rápidos. Estórias curtas. Tendo-se perdido o quorum, tornaram-se tão secretos que nem mesmo as nossas almas foram testemunhas.

Já fora, o namoro com a rua foi rápido. O tempo ciumento nos abraçou, e encaminhou-nos para casa, trazendo-nos de volta à nossa realidade.

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

Tudo estava sossegado, tudo estava esquecido. Tudo estava perdido e arrumado no sotão da memória, bem guardado em cofres de madeira, protegido por cadeados de sete chaves. Eu havia serenado, esquecido a ansiedade que me causas, voltava a viver despreocupado, correndo feliz pelo mundo sem medo da queda ou da mágoa. Mas...

...com um sorriso, tudo regressa, com um olhar toda a defesa se desmorona, basta a tua presença para me sentir incrivelmente feliz, basta falares comigo que aquela simpatia especial regressa...

quarta-feira, fevereiro 01, 2006

Pai divino

dai-me serenedidade para aceitar as coisas que não posso mudar

coragem para mudar aquilo que sou capaz

e sabedoria para saber a diferença

terça-feira, janeiro 31, 2006

O que é para ti Deus? Como convencias um niilista da Sua existência?

Perguntas faceis de colocar, mas cujas respostas são dificeis de encontrar. Como se pode explicar algo que é pleno, que é tudo, que nos rodeia a quem o nega? Duvido que se consiga explicar de uma forma aceitavel, pois a experiência da fé, e aceitação da presença de Deus é algo de muito intimo e pessoal.

O Pai escolhe-nos, indica-nos caminhos, ampara-nos nos maus momentos, acaricinha-nos na felicidade. E, se eu que n'Ele acredito; eu que n'Ele confio; eu que a Ele me quero entregar tantas vezes, tento explicar a alguém a simplicidade do amor de e em Cristo, as palavras fogem-me, as ideias escampam-se, a imensidão do amor recusa-se a ser exprimido em meras palavras... Só pela intervenção social activa e preocupada, pelo cumprimento constante dos mandamentos do amor, pela entrega real aos meus irmãos, pela coerência entre as ideias defendidas e as boas acções praticadas poderei, ao fim de tempo suficiente, fazer o céptico acreditar e ver a bondade do Senhor.

segunda-feira, janeiro 30, 2006

Some will sing a song
To reel 'em in
It's a song I sung before
And a song I'm gonna sing again
I mean every word
I don't mean a single one of them
Oh Lord, make me pure
- but not yet

tell a joke
tell it twice
if noone else is laughing there why am i
i split myself both times and laugh till i cry
oh Lord,please make me pure
-but not yet

I don't have to try
I just dial it in
I've never found a job that for me was worth bothering
I got a ton of selfish genes and lazy bones
beneath this skin
Oh Lord, make me pure
- but not yet

Smoking kills
Sex sells
I've got one hand in my pocket but the other one looks cool as hell
I know I'm gonna die so my revenge is living well
Oh Lord, make me pure
- but not yet

I stopped praying
So I hope this song will do
I wrote it all for you
I'm not perfect but you don't mind that, do you?
I know you're there to pull me through, aren't you?

So I look for love
I like the search
And I'll be standing for election all across the known universe
Every president gets the country she deserves
Oh Lord, make me pure
- but not yet

And I've been seeing
Somebody's wife
She said she'd leave him for me and I said that wasn't wise
You can't lie to a liar because of all the lies
Oh Lord, please make me pure
- not yet

Make Me Pure, by Robbie Williams

sexta-feira, janeiro 27, 2006

...de um mail que recebi.


Onde as pessoas são amigas uma das outras e não são invejosas.

A Paz mora nas pessoas que não querem guerra nem insultam os outros.

A Paz mora dentro do nosso coração, no céu e em todo o mundo.

Nos Oceanos também.

Estas e outras frases foram escritas por crianças da escola primária do Externato “As Descobertas” onde deixámos duas perguntas: “o que é a Paz?” e “onde mora a Paz?”.

Os alunos tinham entres sete e dez anos e deram respostas extraordinárias.

Primeiro porque todos, sem excepção, têm uma noção exacta de que só é possível haver paz se as pessoas se aceitaram umas às outras.

Depois porque revelam uma lucidez incrível na forma como analisam uma questão universal.

Interrogados sobre a Paz, respondem que “é quando as pessoas se respeitam” ou “quando é uma sociedade bem formada em que todos têm direitos e igualdades, em que a guerra é inútil e há um mundo sem armas em que os conflitos são feitos em palavras”.

Converter todas as armas em palavras é, porventura, a maneira mais subversiva de pôr fim à guerra. A única maneira sensata, aliás. Quando uma criança escreve que a “paz é dizer desculpas por eu ter feito mal a agora vamos ser amigos” comove pela candura mas arrepia pela impossibilidade da coisa. Infelizmente, hoje em dia, pedir desculpas não basta para travar uma discussão e muito menos serve para suspender uma guerra.

O que dói é que todos nós sabemos isto mas as crianças ainda não. As crianças ainda acreditam que “a paz mora na Ásia, na Oceânia, na América Central e na América do Sul”. Não sabem nem suspeitam que é tudo mentira. Acreditam na paz como o pequeno (e adorável) Joshua, do filme “A Vida é Bela”, acreditava nas regras do jogo que o pai inventou para o manter divertido e feliz em pleno campo de concentração nazi.

“A Paz mora no céu, onde Deus vive” escrevem uns, porventura mais esclarecidos. Ou cépticos, depende do ponto de vista. Outros mais poéticos, dizem que “a Paz é ser livre, é como viver no Paraíso” ou “é o silêncio, não lutar, não poluir as ruas nem o mar”. Outros, ainda, mais práticos, declaram que a “Paz é um sítio calmo e sossegado e muito bom para estar quando se está cansado”. No fundo, todos eles dizem a mesma coisa de várias maneiras: a paz só é possível quando não há guerra!

Num momento em que todos assistimos aos descalabros da guerra vale a pena pensar no horror de tudo o que lemos, vemos e ouvimos e investir activamente na teoria de uma destas crianças. Aquela que diz que “a Paz mora em todos nós”.

Laurinda Alves
Xis ideias para pensar
Oficina do Livro

quarta-feira, janeiro 25, 2006

Jovem... parabéns e tal... cá estamos...



e sai mais uns shots de drambuie o/

segunda-feira, janeiro 23, 2006

Hoje junto-me ao rebanho, e seguindo a tendência lógica da blogosfera vou dissertar sobre as eleições. Não que considere muito legitimo da minha parte, pois recuso-me, voluntária e conscientemente, a exercer do meu direito/dever constitucionalmente defenido de votar. Muitos podem considerar a minha postura como uma forma de anticidadania: talvez, mas em verdade olho com muito cepticismo para as supostas divisões entre grupos politicos, não me sinto verdadeiramente representado por nenhum, e não gosto de me ver como instrumento manipulado por argumentações, retóricas ou demagogias nulas de concretização eficaz.

Fiquei contente com a eleição do próximo presidente. Considero que Cavaco, ao lado de Jerónimo, é um dos poucos políticos de caracter genuíno, ou seja, de quem realmente se sabe o que pensa e o que quer, não estando mascarado por ideologias ou interesses partidários imediatos. Não vejo grande vantagem de portugal ter um presidente, mas já que a isso somos obrigados, então que este goste de pastelinhos de belém.

Os restantes (alegre, soares, louçã) não passam de burgueses mimados que, abrigados com uma capa de esquerda, manipulam ideiais de bem estar social para o seu próprio interesse e curriculum.

Do outro nem vou escrever...

sábado, janeiro 21, 2006

O mistério da morte é, para o homem, um enorme abismo negro, assustador e desconhecido. A compreensão de um momento terminal absoluto surpassa em absoluto o entendimento, tanto que este é metaforizado na forma de uma membrana selectiva entre planos de existência, em oposição a um muro de espessura infinita.

Exitem muitos têm medo da partida, outros coexistem que já partiram, pois desapegaram-se, pela resignação ou pelo sofrimento, da raiz da árvore da vida. São ramos que ainda se encontram agregados a outros ramos, mas como subsistem longe do tronco forte e saudável, não são alimentados pela seiva rica que torna a árvore bela e frondosa.

Dormentes, alienados, perdidos no labirinto de realidades que os aprisionam, vagueiam solitários. As mãos não se estendem devido à ignorância, alimentada pelo medo, ou simplesmente pelo desprezo. Existem vozes que gritam semiverdades, filhas do cinísmo, outras nascidas do rancor, ainda outra fagulhas perdidas de uma inocência envaidecida pela virtude. Poucas conseguem transpor a muralha do esturpor voluntário, e menos ainda alcançam uma consciência receptiva.

Por ambos os mundos vagueio. No meio dos esquecido viajo, errante, sonhos alucinandos no meio da multidão; pelo corpo dos despertos grito, de mão aberta, estendida, tocando o ar, virado para o infinito. Sou um, em todos; sou filho de todos, um mais, pouco mais que ninguém; um universo encarnado que abraça mil realidades, uma realidade de mim que se concretiza na sabedoria, uma sabedoria insondável que se reprime: um buraco negro de emoção.





prozac attack,
feeling whacked,
my damned boss won't gimme no slack,
disconnected phone,
didn't get that loan,
seems like everything's going wrong:
unemployed,
flat broke, outta luck, ain't got no hope.
When it seems like it ain't no way call up
the doc
he'll be with you right away!

you think your life is tough...
[call Kevorkian]
you think your life is tough...
[call Kevorkian]
you think you're out of luck
when you're had enough...

need some xanax,
want some pills, 'cause I don't like the
way I feel:
can't sleep at night;
can't get no rest;
I want the grim reaper as my guest!
missed my bus,
missed my plane.
life seems like a constant pain.
think it's bad,
could be worse,
call the doc up
he'll pick you up in a hearse.
Dr. K, by Body Count

sexta-feira, janeiro 20, 2006

A minha exposição favorita voltou à capital. A BTL vai estar, este fim de semana, novamente na FIL. Adoro visitar os expositores por várias razões.

A primeira é a sensação de viagem: fechado naqueles quatro barracões sinto que viajo por portugal, e parte do mundo. Obviamente que não tem a mesma profundidade cultural e satisfação que se obtem ao conhecer novos locais, mas tendo em conta os factores limitantes... Não se pode exigir muito de uma viagem que custa 2 euros, e que dura pouco mais de três horas.

Mas mais que isso, é o sabor da intemporalidade que me atrai todos os anos. A minha primeira vez foi, de certeza, em 98. Nessa altura a fil ainda estava localizada perto da 25 de Abril. Fiquei deslumbrado com a imensidão de cores, lugares, rebuçados e expositores. Voltei no ano seguinte, e comi uma Nata grande, grande, e enchemos os bolsos de lapiseiras e penduricalhos azuis, que nos iriam proteger durante muitos anos contra o mau olhado.

terça-feira, janeiro 17, 2006

No cume daquela serra
Eu plantei uma roseira
O mato no cume cresce
A roseira no cume cheira

Quando cai a chuva fria
Salpicos do cume caem
Salpicos no cume entram
Abelhas do cume saem

Quando cai a chuva grossa
A água do cume desce
O orvalho do cume brilha
A floresta do cume cresce

E depois que a chuva cessa
Ao cume volta alegria
Pois volta a brilhar depressa
O sol que no cume ardia

E à hora crepuscular
Tudo no cume escurece
Pirilampos do cume saem
Tudo no cume arrefece


será de Bocage??
O_o???

segunda-feira, janeiro 16, 2006

Adoro ver a dança da chuva, da leveza do ar após a sua passagem, da frescura da terra pelo seu contacto. Do verde que renasce, da vida que ressurge, e do sol que reaquece a terra...

sexta-feira, janeiro 13, 2006

sinto-me com uma sensibilidade diferente... algo estranho, e de certa forma incómodo...

ontem andava no meio das minhas leituras, e uma passagem do livro captou a minha atenção de tal forma que a re-li duas vezes...


Robert Jordan estava deitado no seu saco de campanha, no chão da floresta. Estava abrigado pelos rochedos, perto da entrada da gruta. Estava abrigado pelos rochedos, perto da entrada da gruta. Dormindo voltou-se e, ao fazê-lo, deitou-se sobre a pistola que trazia presa ao pulso por uma correia. Tinha colocado a arma perto dele, sobre a cobertura, quando se tinha deitado para dormir, com os ombros, o tronco e as pernas tão pesadas e os músculos tão tensos que a terra lhe parecia mole. Antes de se enrolar no saco forrado de flanela, tinha experimentado uma espécie de voluptusiodade filha da fadiga. Teve, ao acordar, a impressão de ter dormido pouco tempo; perguntou-se onde estava, compreendeu, depois retirou a pistola e dispôs-se com prazer a mergulhar no sono, a mão sobre o rolo formado pelas suas roupas enroladas em volta das alparcatas, o outro braço também agarrado ao travesseiro improvisado.

Foi quando sentiu uma pressão sobre o ombro, que o fez voltar-se vivamente, já com a mão no cabo da pistola.

– Oh, és tu! – exclamou largando a arma. E estendendo os braços atraiu-a para si. Sentiu-a estremecer.

– Entra neste ninho – murmurou carinhoso. - Aí fora está muito frio.

– Não, Não posso.

– Entra. Discutiremos depois.

Ela tremia, presa pelo pulso, e ele puxava-a. Ela voltou a cabeça.

– Entra coelhinha – e, fazendo-a baixar, beijo-a na nuca.

– Tenho medo.

– Não há que ter medo. Entra.

– Como?

– Mete-te neste saco. Há lugar para dois. Queres que te ajude?

– Não – respondeu Maria. Meteu-se dentro do saco, ele abraçou-a, apertou-a contra o seu corpo e procurou beijá-la nos lábios; ela meteu a cabeça no rolo da roupa que servia de travesseiro, mas tinha os braços passados em redor dos seu pescoço e tinha-o apertado. Depois sentiu os braços afrouxarem-se e ela estremeceu.

– Não – disse ele rindo. – Não tenhas medo. É a pistola.

E afastou a arma que se interpusera entre os dois.

– Tenho vergonha – disse ela virando o rosto.

– Não. Não há motivo, aqui, agora.

– Não posso. Estou com vergonha e com medo.

– Não coelhinha. Vamos.

– Não. Se tu não me amas...

– Amo-te.

– Eu sim, estou cheia de amor. Põe a tua mão na minha cabeça – disse ela, sempre com o rosto metido no travesseiro. Jordan passou-lhe a mão sobre a cabeça e acariciou-a. De súbito o rosto de Maria deixou o travesseiro. Encontravam-se apertados um contra o outro, rosto contra rosto. Ela chorava.

Jordan manteve-a imóvel, sentido o contacto daquele corpo esguio apertado contra o seu. Acariciou-lhe a cabeça e beijou o sal húmido dos seus olhos e enquanto ela choravasentiu os seios redondos e de bicos firmes tocarem-no através da camisa que ela trazia vestida.

– Não posso beijar, não sei – murmurou Maria.

– Não é preciso beijar.

– Sim. Preciso de beijar. Preciso de fazer tudo.

– Não é preciso fazer nada. Estamos muito bem assim, mas tu trazes muita roupa.

– Que devo fazer?

– Vou-te ajudar.

– Achas que assim está melhor?

– Claro, muito melhor. Não é melhor para ti também?

– Sim. Muito mais. E irei contigo, como disse a Pilar?

– Sim.

– Mas não quero ficar em nenhum lar . Quero andar contigo.

– Vais ficar num lar.

– Não, não. Contigo e serei tua mulher.

Estavam ambos deitados, e tudo o que antes estava oculto, desvendou-se. Em vez da aspereza das roupas, a doce pressão firme e redonda, a longa frescura calorosa, fresca na superfície e quente no interior, juntas; solitária doçura que tudo invadia, criando felicidade, jovem, amorosa e que se torna a seguir uma doçura que queimava e uma solidão devorante, dolorosa, tão pungente que Robert Jordan não pode mais e perguntou:

– Já amaste alguém?

– Nunca.

E subitamente ficou como morta nos seus braços para acrescentar que lhe tinham feito coisas.

– Quem?

– Vários – e quedou-se imóvel, afastando o rosto dele. – Agora vais deixar de amar-me.

– Amo-te, sim, Maria – disse o rapaz, mas qualquer coisa tinha mudado nele e ela percebeu-o.

– Não! – murmurou Maria em tom dorido. –Não me amarás nunca, mas talvez queiras levar-me para um lar. Eu irei e nunca serei a tua mulher, nem nada...

– Amo-te, sim, Maria.

– Não, não é verdade. – E depois, como um último apelo de esperança: – mas eu nunca beijei nenhum homem.

– Beija-me então agora.

– Eu bem queria. Mas não sei. Quando me fizeram coisas, lutei até perder os sentidos. Lutei até... até... até que um deles se sentou em cima da minha cabeça... e eu mordi-o... e então amordaçaram-me e prenderam-me os braços atrás da cabeça... e outros abusaram de mim.

– Eu amo-te, Maria – repetiu Jordan – e ninguém te nada, ninguém te atingiu, ninguém tocou a minha coelhinha.

– Falas a sério?

– Como nunca.

– E podes amar-me ainda? – sussurrou Maria aconchegando-se a ele.

– E mais ainda.

– Vou tentar beijar-te muito bem.

– Beija-me então.

– Não sei.

– Beija-me simplesmente.

Ela beijou-o na face.

– Não.

– O que se faz ao nariz? Sempre me perguntei o que se faria ao nariz?

– Olha, vira um pouco a cabeça. – E as suas bocas juntaram-se. Ela estava unida a ele e a boca entreabriu-se pouco a pouco. E, de súbito, tendo a rapariga apertada contra ele, sentiu-se mais feliz que nunca, com uma felicidade interior ligeira, amorosa, exaltada e sem pensamentos, e sem fadigas sem cuidados, tudo delícias e ele murmurou: – minha coelhinha. Minha querida. Minha doce amada.

– Que dizes tu? – perguntou-lhe ela, como se estivesse muito longe.

– Minha amada – murmurou ele.

Estavam deitados, estreitamente apertados, sentido os corações bater, e com a ponta dos pés ele acariciou-lhe os pés.

– Tu vieste descalças.

– Sim.

– Então sabias que ias deitar-te comigo.

– Sim.

– E não tinhas medo?

– Sim. Muito. Mas mais medo tinha de não saber como tirar as alparcatas.

– E que horas são agora? lo sabes?

– Não. Tu não tens relógio?

– Sim, mas está atrás de ti.

– Puxa o braço.

– Não.

– Então espreita por cima do meu ombro.

Era uma hora. O quadrante luminoso brilhava na sombra do saco de campanha.

– A tua barba está a arranhar-me o ombro.

– Desculpa, mas não tenho nada com que fazer a barba.

– Gosto disso. A tua barba é loura?

– É.

– E vais deixá-la crescer?

– Crescerá até eu resolver o caso da ponte. Maria, ouve. Tu...

– O quê?

– Tu queres?

– Sim. Quero tudo. É a maneira de fazer desaparecer os outros da minha lembrança.

– Já pensaste niso?

– Não. Só agora o sei, apesar de ela já me ter falado nisso.

– É muito sabida, aquela Pilar!

– Outra coisa – sussurrou Maria baixinho. – Ela disse-me par ate dizer que não estou doente. Ela sabe todas essas coisas.

– Também te mandou dizer isso?

– Nós conversámos e eu confessei o meu amor. Amei-te desde o momento em que te vi entrar. Amei-te mesmo antes de te ter visto. Contei tudo à Pilar e ela mandou-me dizer-te o que te disse. Sobre a outra coisa nós já tinhamos falado antes.

– E que disse ela?

– Disse que nada atinge a gente, quando a gente não aceita. E que se eu um dia amasse alguém, o amor faria desaparecer tudo. Ah, eu até me quis matar, sabes?

– O que a Pilar te disse é pura verdade.

– E agora sinto-me feliz por não ter morrido! Estou tão contente por não ter morrido! Então podes amar-me?

– Sim. Eu amo-te Maria.

– E posso ser a tua mulher?

– Com a vida que levo não posso ter mulher. Mas tu agora és a minha mulher.

– Se sou uma vez, então sê-lo-ei para sempre. Sou a tua mulher agora?

– Sim, Maria. Sim, minha adorada coelhinha.

Jordan enlaçou-a e procurou-lhe os lábios e os corpos colaram-se, macios, frescos, jovens.

– E agora andemos depressa. O que tem de ser feito, seja feito já.

– Queres mesmo?

– Sim – afirmou Maria, em tom enérgico. – Sim, sim, sim.



bem... a atenção que prestei a este capitulo do livro recordou-me de um pequeno episódio, e de uma pequena conversa que se deu à pouco mais de um mês.

estava com um amigo de longa data, e subiamos a rua da Prata no seu carro. Sentia-me deslumbrado com a beleza das luzes natalícias. Os jogos de cores, a diversidade de padrões dispersos pelas várias ruas, o deslumbramento da noite, o amor pela baixa lisboeta fluiram e comentei: "isto é está tão lindo..."

o meu colega ficou boquiaberto... "meu... tu não eras assim" comentou quase escandalizado. "se fosse há uns tempos atrás tinhas comentado: que desperdicio de dinheiro, ou uma merda do género. o que se passa contigo?"

concordei. de alguma forma estou transformado, e mais sensível à beleza subtil que se encontra na maravilhas do mundo. a minha atenção a certas partes do texto prova isso...

e novamente o texto me prendeu...


Maria andava boa agora. Ou parecia. Mas ele não era psiquiatra. O psiquiatra era Pilar. Sm dúvida que o terem dormido na noite passada juntos tinha feito bem aos dois. Para ele fora um bem. Sentia-se muito bem. São, bom, repousado e feliz. A situação apresentava-se terrível, mas tudo ía correr pelo melhor. Já tinha estado metido noutros sarilhos que também tinham começado mal. Começar... Ia pensando em espanhol. Maria era encantadora.

Olha para ela, disse-se. Contempla-a.

E vi-a caminhar alegremente ao sol, com a camisa de caqui desabotoada no pescoço. Caminha como um potro, pensou Jordan. Nunca encontrei ninguém assim. Essas coisas não acontecem na realidade. Mas talvez esteja a sonhar ou talvez me deixe arrastar pela imaginação, pensava ele, e nada tenha acontecido. Lembrava-se de se ter encontrado, em sonhos, na cama, acompanhado de actrizes de cinema que lhe prodigalizavam carícias. Tinha-as possuído a todas e lembrava-se ainda de Garbo e de Harlow. Sim, Harlow tive-a muitas vezes. Talvez ainda sonhasse.

Jordan ainda se lembrava da noite em que Greta Garbo veio para a sua cama, na noite que antecedera o ataque de Pozoblanco; trazia uma macia camisola tecida com uma lã doce e sedosa. Quando ele a abraçava e ela se inclinava sentia os cabelos acariciarem-lhe o rosto. E ela perguntou-lhe porque não confessara que a amava, a ela que o amava há tanto tempo. E ela não parecia nem tímida, nem distante, nem reservada. Era a Garbo dos diasde John Gilbert, boa e meiga e era estranho tê-la abraçada contra ele. Era tão verdadeiro como se tivesse acontecido, e amou-a mais que à Harloe embora fosse uma vez só enquanto a Harlow... e talvez o presente não passasse também de um sonho.

Mas talvez não seja, repetiu-se. Talvez Maria seja realidade e possa estender a mão e tocá-la. Ousarias fazê-lo? Perguntou-se. Talvez te desses conta de que nunca aconteceu nada e de que tudo é produto da tua imaginação, como os teus sonhos onde as actrizes de cinema, amigas velhas, vinham deitar-se no teu saco de campanha, por terra, na palha das eiras, nos estábulos, nos corrales e cortijos, nos bosques, nas garagens, nos camiões e em todas as montanhas de Espanha. Vinham todas meter-se no saco de campanha, durante o seu sono e todas eram mais gentis do que poderiam ser na realidade. Talvez tenhas medo de tocar em Maria e verificar que é realidade, repetia-se ele. Mas sim, tu tens medo: sonho, imaginação, irrealidade.

Jordan adiantou-se e pousou a mão no braço da rapariga. sentiu sob os ded0s a macieza da carne debaixo do pano da blusa. Maria encarou-o e sorriu.

– Olá! Maria! – saudou ele.

– Olá, Inglês – respondeu a rapariga, e Jordan absorveu a rapariga, aquele rosto de um moreno tostado e o cinzento amarelado dos seus olhos, os lábios cheios que sorriam e os cabelos curtos queimados pelo sol. Ela levantou a cabeça e sorriu-lhe. Tudo era uma doce realidade.



uma coisa me deixa minimamente descansado. a conotação sexual que encontro nos textos permite-me assegurar que não mudei tanto assim, e que ainda consigo dar importância a certas banalidades...


Então surgiu o odor da erva esmagada. Maria sentiu a aspereza dos talos dobrados sob a cabeça e o sol brilhando sobre os seus olhos fechados. E ele levaria toda a vida a recordar-se de Maria com a garganta tombada entre as raízes das urzes, a curva da garganta e os lábios que fremiam ligeiramente e o palpitar dos cílios sobre os olhos fechados contra o sol, contra tudo. Para ela só havia vermelho, laranja, o ouro vermelho do sol sobre os seus olhos fechados, e tudo era da mesma cor, tudo brilhava no mesmo tom. Para ele foi um caminho sombrio que não levava a nada, sempre a nada, ainda e sempre a nada, e outra vez a nada, sem fim, sem nunca a nada. Apoiado sobre os cotovelos para nada, caminho sombrio e sem fim, suspenso todo o tempo sobre um nada sem solução, esta vez e outra vez ainda, sempre para nada, entretanto, ah! não poder renascer outra vez para nada e entretanto, para além de tudo o que se pode suportar, mais alto, mais alto, mais alto e para nada. De súbito, deslumbramento, beatitude, tudo o que era sombrio e negativo desapareceu, o tempo absolutamente imóvel; estavam os dois juntos, o tempo suspenso e sentia a terra estremecer e esvair-se sob os seus corpos.



...livros?? nada que uma boa noitada não cure.

falando mais a sério: recomendo vivamente a leitura da obra de onde retirei os textos... ofereço um bombom para quem descobrir qual é... e uns pequenos momentos de felicidade para quem a ler na integra.

terça-feira, janeiro 10, 2006

For Whom The Bell Tolls

Perchance he for whom this bell tolls may be so ill, as that he knows not it tolls for him; and perchance I may think myself so much better than I am, as that they who are about me, and see my state, may have caused it to toll for me, and I know not that.

The church is Catholic, universal, so are all her actions; all that she does belongs to all. When she baptizes a child, that action concerns me; for that child is thereby connected to that body which is my head too, and ingrafted into that body whereof I am a member.And when she buries a man, that action concerns me: all mankind is of one author, and is one volume; when one man dies, one chapter is not torn out of the book, but translated into a better language; and every chapter must be so translated; God employs several translators; some pieces are translated by age, some by sickness,some by war, some by justice; but God's hand is in every translation, and his hand shall bind up all our scattered leaves again for that library where every book shall lie open to one another. As therefore the bell that rings to a sermon calls not upon the preacher only, but upon the congregation to come, so this bell calls us all; but how much more me, who am brought so near the door by this sickness.

There was a contention as far as a suit (in which both piety and dignity, religion and estimation, were mingled), which of the religious orders should ring to prayers first in the morning; and it was determined, that they should ring first that rose earliest. If we understand aright the dignity of this bell that tolls for our evening prayer, we would be glad to make it ours by rising early, in that application, that it might be ours as well as his, whose indeed it is. The bell doth toll for him that thinks it doth; and though it intermit again, yet from that minute that this occasion wrought upon him, he is united to God.

Who casts not up his eye to the sun when it rises? but who takes off his eye from a comet when that breaks out? Who bends not his ear to any bell which upon any occasion rings? but who can remove it from that bell which is passing a piece of himself out of this world? No man is an island, entire of itself; every man is a piece of the continent, a part of the main. If a clod be washed away by the sea, Europe is the less, as well as if a promontory were, as well as if a manor of thy friend's or of thine own were: any man's death diminishes me, because I am involved in mankind, and therefore never send to know for whom the bell tolls; it tolls for thee. Neither can we call this a begging of misery, or a borrowing of misery, as though we were not miserable enough of ourselves, but must fetch in more from the next house, in taking upon us the misery of our neighbours.

Truly it were an excusable covetousness if we did, for affliction is a treasure, and scarce any man hath enough of it. No man hath affliction enough that is not matured and ripened by it, and made fit for God by that affliction. If a man carry treasure in bullion, or in a wedge of gold, and have none coined into current money, his treasure will not defray him as he travels. Tribulation is treasure in the nature of it, but it is not current money in the use of it, except we get nearer and nearer our home, heaven, by it. Another man may be sick too, and sick to death, and this affliction may lie in his bowels, as gold in a mine, and be of no use to him; but this bell, that tells me of his affliction, digs out and applies that gold to me: if by this consideration of another's danger I take mine own into contemplation, and so secure myself, by making my recourse to my God, who is our only security.


John Donne

segunda-feira, janeiro 09, 2006

...há tanto tempo que estou para redigir este texto, que quase receio ter esquecido grande parte da argumentação inicial.

Quero falar sobre pequenos milagres, mas possivelmente é tempo perdido. Tempo perdido porque pois existe o cepticismo de aceitar um milagre como tal quando ele é pequeno, pois milagres são ocorrências maravilhosas e sobrenaturais, que transcedem a nossa compreensão... Tempo perdido porque um milagre pequeno é por natureza muito efémero, o que o torna essa aceitação quase compatível com uma postura social consumista, onde a satisfação dos prazeres e das necessidades imediatas se sobrepõem à construção continua de uma felicidade com alicerçada em valores pessoais e concessões comunitárias... Tempo perdido porque isto é um blog, um espaço virtual, uma zona morta onde se acumulam ideias vagas e pensamentos dispersos, um desperdicio de vida que poderia ser utilizada para saborear a vida com aqueles a quem se quer bem...

quinta-feira, dezembro 29, 2005

Blues From An Airplane by Jefferson Airplane


Do you know how sad it is to be a man alone
I feel so solitary being in my home without you
I don't know what to do and
I don't know where you are
I can see my life is meant to fall apart some day
Just to be a simple man who sadly goes his way got no girl so
I got no world and
I got no words that I'll say
hey hey woman make me happy like I've never known before
say you have ever known no heart fore me anymore
something new, what's that sound around my heart
I feel something new,
I'm sure your love you've given must be real I know and
I'm sure of how I can be the man I feel,
I can be the man I feel


P.S.- um rebuçado a quem me ensinar os acordes...

quarta-feira, dezembro 28, 2005

a beleza deste texto (que encontrei no diariodigital) obriga-me a publicá-lo no meu blog.


O Natal, como há 200 anos
Paula Isabel Santos


«Estava terrivelmente frio. Nevava e tinha começado a fazer noite escura. Era também a última noite do ano, véspera de ano novo. Naquele frio e naquela escuridão, caminhava pela rua uma rapariguinha pobre de cabeça descoberta e pés descalços. Num avental velho levava uma quantidade de fósforos e na mão um molho deles. Ninguém lhe comprara nenhuns todo o dia, ninguém lhe dera um pequeno xelim! Com fome e gelada caminhava, e tão infeliz a pobrezinha (...) De todas as janelas brilhavam luzes e cheirava muito bem a assado de ganso ai na rua.»

Assim começa a história «A rapariguinha dos fósforos», de Hans Christian Andersen, de quem se comemorou este ano o bicentenário do seu nascimento.

Esta história, com quase 200 anos mostra-nos uma sociedade de consumo, de reboliço e de afazeres, preocupada em realizar com pompa e circunstância a festa de passagem de ano, numa época natalícia.

Mas é esta mesma sociedade que deixa morrer de frio e de fome uma pobre menina. « ... A rapariguinha com as faces vermelhas e um sorriso na boca... Morta enregelada na ultima noite do velho ano.»

Havia queimado os fósforos para se aquecer, mas a sua efémera chama mais não fez mais do que acelerar um momento de alucinação através do qual a menina vê a avô, e vê o paraíso.

Talvez esta história, volvidos que foram todos os avanços da medicina, volvida que foi a revolução informática, continue a ser real, poderia ter sido contada ontem , hoje ou amanhã.

Numa altura em que a preocupação com a abundância é grande, sobretudo nas vésperas de natal, onde uma farta fatia da sociedade sacia a vista e empanturra os sacos de presentes e de comida, dentro dos centros comerciais, sem saber muito bem porque... talvez por ser Natal... e outros, do lado de fora dos mesmos, esvaziam mais uma vez o olhar de esperanças, sabendo muito bem porquê.

Talvez a sociedade alucine, tal como alucinou a jovem menina, perante o sofrimento de fome, medo, solidão e frio, a sociedade alucina com cartões de crédito e muitos embrulhos, muitos sacos.

Mas qual será de verdade o verdadeiro espirito de Natal?

Será que a sociedade hoje, é capaz de agir e reagir de modo diferente da sociedade de há 200 anos atrás? Ou será que se trocaram apenas os cenários? A rapariguinha dos fósforos de Hans Christian Andersen morreu enregelada no cantinho de uma rua, na noite de passagem de ano, perante o olhar vazio (sobretudo de coragem e determinação) da sociedade. Hoje, não neva, mas morrem e agonizam nos cantos de algumas casas, meninas e meninos vitimas não só de abandono, mas de maus tratos. Vítimas do que de pior existe no homem: maldade pura de alguns e passividade de outros.

24-12-2005 18:24:25

domingo, dezembro 25, 2005

...Existem dois livros que considero bastante especiais devido à forma bela em como nos apresentam lições de vida tão importantes de uma forma tão simples. Utilizando a cortina da inocência apresentam-nos, pela sua estória, dois alicerces fundamentais à nossa felicidade como humanos: um dos segredo do amor e a beleza do brilho da amizade.

Poucos livros conseguem criar um nível de empatia de tal ordem que o seu desfecho fatalista arrasta uma lágrima do fundo do coração. O Principezinho, é um desses livros arrebatadores. É uma obra prima, pois mascarado numa estória infantil, cheia de inocência, encontra-se uma lição de vida muito dirigida aos adultos: "o essencial é invisivel aos olhos".

No mundo adulto, quando o deslumbramento da descoberta do mundo é substituído pelo pragmatismo do pão de cada dia, algo de muito importante é secundarizado: a importância da dimensão da amizade nas nossas vidas. Nos anos verdes o tempo é-nos oferecido em excesso, e a descoberta do mundo canaliza a nossa curiosidade para relacionamentos com aqueles que nos rodeiam, e a nossa energia tranforma esses relacionamentos em brincadeiras, discussões, amores, paixões, ódios e amizades. Nesse contacto com os que nos rodeiam, no fluxo do tempo que nos absorve, no sentir do mundo que nos envolve, o doce sabor efémero desses momentos é mascarado pelo deslumbramento dos sentidos.

Só quando o sol se põe apreciamos o esplendor do seu espectro de cores, e enquanto a noite se arrasta sentimos quão fria é a vida na sua ausência. Assim, acordamos várias vezes durante a vida adulta: em meio da noite gelada, aquecidos pelos raios de luz que se armazenaram nos nossos corações, sonhando a beleza da aurora.

o Principezinho é o meu Yin, Siddartha é o meu Yang.

Herman Hess, na sua escrita dança com as palavras, e neste conto relata a estória de um asceta Hindu, e da sua busca pela felicidade e pelo sentido da vida. É um tema recorrente, que nos assombra regularmente. Durante o seu caminho de vida, o asceta experimenta tanto a privação extrema como o excesso da luxúria, e finalmente encontra a sua resposta ao escutar a serenidade de um rio: que a dimensão do amor é a essencia da vida, e que esta dimensão não se consegue exprimir plenamente quer pelas palavras, quer pela dissertação.

Só vivendo e plenamente amando se reconhece o amor. Só plenamente amando a vida tem sentido. E o saborear da amizade é o reconhecimento da presença do amor por aqueles que connosco partilham o Reino...

sábado, dezembro 24, 2005

Espero que a noite de natal seja maravilhosa :)

sexta-feira, dezembro 23, 2005

Natal é altura dos grandes jantares, com pequenas trocas de prendas, o que para mim é uma alegria, pois adoro o desafio de encontrar a prenda "perfeita". Dar uma boa prenda não é tão fácil e simples quanto parece, pois tem de obedecer a dois grandes factores: que a personalidade de quem oferece esteja, de uma forma subtil, presente, e quem receba goste da oferta.

Como detesto oferecer más prendas evito oferece-las a muita gente, pois o meu orçamento pessoal é reduzido, e por isso esmero-me nas oportunidades que se apresentam nos "jantares de Natal".

Este ano, no sorteio, fui contemplado por alguém com quem simpatizo bastante, mas que tem uma personalidade muito característica. Senti o grau de dificuldade bastante elevado, e por isso ainda mais agradável foi aceitar o desafio. Mais ainda porque já tinha uma prenda semi-decidida, o que, temos de admitir, facilita bastante a escolha...



...Deixei a compra para o dia anterior ao jantar. Como bom português confio na sabedoria da ultima hora. Além disso, embora tivesse muito prazer em partilhar a prenda que tinha pensado, não sentia que ela fosse recebida na plenitude que merece.

Fui à FNAC e diambulei. Procurei o que inicialmente tinha decidido oferecer, mas hesitei. Era uma boa prenda, com bastante qualidade, e com bastante significado, mas faltava-lhe o toque da perfeição. E a perfeição de uma prenda exite quando esta é simultânea e excepcionalmente agradável tanto para quem oferece como para quem a recebe.

Vagueei e vagueei, por entre mostruários e armários, entre poesia e prosa, entre novidades e reedições, perdido na minha indecisão entre comprar aquele livro maravilhoso que já estava escolhido, ou deixar-me levar pelo instinto e encontrar algo que eu sentisse realmente adequado ... Sentia-me inconfortável, pois o desafio estava perdido: a prenda perfeita não aparecia, nem eu a conseguia encontrar.

No meio de tanta indecisão a resposta encontrou-me. Mais que isso: foi sussurrada no meu ouvido. Estava a ver uns livros e sou atropelado por uma conversa de duas ragazzas "e será que têm as leis de Murphy?". Pensei para mim -e muito honestamente, esse foi o meu pensamento na altura- "quem sou eu para desperdiçar um pequeno milagre?".

Perguntei pelo livro. Não tinham em stock. Subi o Chiado, e entrei na Bertrand. Perguntei pelo livro: enviaram-me para a sala 2. E lá comprei "as leis de Murphy para o século XXI". Na noite seguinte, durante a troca de predas, observei atentamente o destinatário antes, durante e após ter desembrulhado o presente. As lágrimas de alegria, e o modo como percorria o livro eram indicadores honestos, sinceros e maravilhosamente agradáveis: o desafio fora vencido...

...E tudo graças a um milagre, pequeno e simples, que por muito pouco quase me passava despercebido. Mas mesmo pequeno e simples, foi um adorável milagre de Natal.

quinta-feira, dezembro 22, 2005

Esta é uma prenda antiga, oferecida por uma pessoa que nunca conheci, num tempo que já passou...

Partilho-a, em nome desse tempo, e para que nunca me esqueça da muito amada Ovelha...




Sheep Dream, by Cracker

Little light shining,
Little light will guide them to me.
My face is all lit up,
My face is all lit up.
If they find me racing white horses,
They'll not take me for a buoy.


Let me be weak,
Let me sleep
And dream of sheep.


"Attention shipping information in sea areas...Bell Rock, Tiree,
Cromaty, gale east...Malin, Sellafield..."

"Come here with me now."
Oh, I'll wake up
To any sound of engines,
Ev'ry gull a seeking craft.
I can't keep my eyes open--
Wish I had my radio.


I tune in to some friendly voices
Talking 'bout stupid things.
I can't be left to my imagination.


Let me be weak,
Let me sleep
And dream of sheep.


Ooh, their breath is warm
And they smell like sleep,
And they say they take me home.
Like poppies heavy with seed
They take me deeper and deeper.


quarta-feira, dezembro 21, 2005

O Natal aproxima-se. Pum... pum.... pummmm... Já se ouvem os seus passos a chegar...

Abençoada seja esta quadra festiva, devido à sua diversidade e variedade de opções:

- temos o Natal dos pequeninos, que esperam avidamente as prendinhas que irão agradecer a uma figura mitica;

- o Natal do consumismo, em que se queima desenfreadamente algum dinheirinho que se podia forrar;

- o Natal das luzes, que alegram as nossas ruas dando cor aos dias cisudos de inverno;

- o Natal dos mais humildes, onde, por caridade, têm direito a uma refeição com dignidade;

- o Natal dos jantares, onde o argumento obrigatório da presença permite liberdades reprimidas nos escritórios;

- o Natal das férias escolares, que é coroado pelos excessos do fim de ano;

- o Natal da reunião de família, onde se relembra os laços que nos unem;

- o Natal do amor em Cristo.

Em qualquer uma das suas cores, um bom natal para todos =)


terça-feira, dezembro 20, 2005

Um professor diante da sua turma de filosofia, sem dizer uma palavra, pegou num frasco grande e vazio de maionese e começou a enchê-lo com bolas de golfe. A seguir perguntou aos alunos se o frasco estava cheio. Todos estiveram de acordo em dizer que sim.

O professor pegou então uma caixa de fósforos e vazou-a para dentro do frasco de maionese. Os fósforos preencheram os espaços vazios entre as bolas de golfe. O professor voltou a perguntar aos alunos se o frasco estava cheio, e eles voltaram a responder que sim.

De seguida o professor pegou uma caixa de areia e vazou-a para dentro do frasco. A areia preencheu todos os espaços vazios e o Prof. questionou novamente se o frasco estava cheio. Os alunos responderam-lhe com um sim em coro.

O professor em seguida adicionou duas chávenas de café ao conteúdo do frasco e preencheu todos os espaços vazios entre a areia. Os estudantes riram-se.

Quando os risos terminaram, o professor comentou: - Quero que percebam que este frasco é a vida. As bolas de golfe são as coisas importantes, como a família, os filhos, a saúde, os amigos, as coisas que vos apaixonam. São coisas que mesmo que perdêssemos tudo o resto, a nossa vida ainda estaria cheia. Os fósforos são outras coisas importantes, como o trabalho, a casa, o carro, etc. A areia é tudo o resto, as pequenas coisas.

Se primeiro colocamos a areia no frasco, não haverá espaço para os fósforos, nem para as bolas de golfe. O mesmo ocorre com a vida: se gastamos todo o nosso tempo e energia nas coisas pequenas, nunca teremos lugar para as coisas que realmente são importantes. Preste atenção às coisas que realmente importam. Estabeleçam as vossas prioridades, e o resto é só areia.

Um dos estudantes levantou a mão e perguntou: - Então e o que representa o café?
O Prof. sorriu e disse:- Ainda bem que perguntas! Isso é só para vos mostrar que, por mais ocupada a vossa vida possa parecer, sempre há lugar para tomar um café com um amigo.

Quando as coisas da vida te parecerem demasiadas, lembra-te do frasco de maionese e café.

terça-feira, dezembro 13, 2005

A justiça serve-se fria, como a vingança. A diferença entre ambas encontra-se essencialmente travo que deixam no palato (amarga primeira, doce a segunda), e na forma como a cegueira da justiça é totalmente complementar ao descernimento da vingança. De qualquer modo frias ambas se saboreiam.

Há uns dias a esta parte a senilidade encarnada que é Soares foi confrontado com certas (más) acções que teve no passado. Num episódio de campanha de rua foi humilhado por um ex-combatente, que o acusou de "ajudar os turras a matar portugueses", pelo financiamento militar dos combatentes africanos com dinheiros resultantes de um assalto a um banco, em mil novecentos e troca o passo.

Senti-me imensamente solidário com o veterano de guerra. Aquela alma é um dos muitos sacrificados da sociedade, que perderam parte da sua juventude a lutar inglóriamente por terras e riquezas que nunca foram suas, enquanto um advogado obscuro ia enriquecendo com diamantes dos "inimigos do estado". Tempo passou, a guerra acabou, e o soldado foi humilhado com a derrota de uma pensão de guerra irrisória, enquanto o advogado prosperou, enriqueceu e capitalizou, quer politica como economicamente, com o fim da guerra, tornou-se presidente carismático, senhor previligiado de portugal.

À luz do tempo a verdade brilha, e, quando a sociedade exorcisou finalmente os fantasmas gémeos do fascismo e do comunismo, este antigo senhor, antes visto como campeão incansável da liberdade e da democracia, aparece-nos com todo o seu explendor de arrogância e oportunismo, fazendo a sua passeata pela liberdade com as roupas que só "os inteligentes conseguem ver".

Em verdade o rei vai nú, despido de ideais e de ideias, envaidecido pela senilidade, e sem descernimento para a nova realidade que o envolve. Os oitenta morreram à muito tempo, mas na mente deste senhor a guerra politica que caracterizou esse periodo continua viva, e talvez seja por isso que, sem pudor, o senhor da politica se sirva das mesmas armas que utilizou à vinte anos atrás, incapaz de ver que há muito foram corroidas e enferrujadas pelo tempo.

O pobre soldado pediu justiça, provavelmente tentou falar a palavra da verdade, apenas para ser amordaçado pelos interesses instituidos, que valorizam mais a reputação do que as boas acções. Pouco mais que um murro consegui disferir, mas conseguiu atingir e enxovalar a já maculada campanha politica onde se pavoneia um senhor tolo e politicamente moribundo. Só tenho pena que em vez do punho e de um velho jornal, o senhor soldado não tenha utilizado daquelas pedras bem grandes, para de uma vez por todas fazer o abutre politico voar para terras bem longinquas.

sábado, dezembro 10, 2005

Bem...

Regressando à estória do cabo e do dvd...

Porque paguei um valor absurdo por vinte centimetros de metal e polimeros? A verdade é que não foi isso que eu paguei. O valor acrescentado se encontra no cabo, mas sim no software que permitir usufruir, através do cabo, dos conteudos do meu telemóvel num pc. E porque não usei o software original do telefone? Simplesmente porque não o comprei.

O telefone foi um perdido por uma beta, numa noite de rebaldaria. Podem achar arrogante da minha pessoa chamar beta à rapariga, mas vejam só: tinha um telemóvel topo de gama, próprio de beta; o telemóvel tinha uma capinha digno da betaria mais avang gard; as duas últimas mensagens que entraram no telemóvel diziam "devolve o telemóvel, porque a minha irmã está farta de chorar" e "gasta o resto do dinheiro, devolve o telemóvel que ainda te damos 60 euros. Senão vamos bloquear o telemóvel"; nunca se ter dado ao trabalho de realmente bloquear o telemóvel; o toque de escolha era a musica da berra, dos Daweasel. E como beta digna de nome, já que teve a proeza de perder um telemóvel novo em folha, ao menos podia ter tido a decência de deixar os cabos, cd's e auriculares no mesmo local em que deixou o telemóvel. Mas népia: além de beta demonstrou ser muito antipática e de ter pouco espirito desportivo.

Com o tempo a memória do bicho encheu-se de fotografias e videos pessoais, e era necessário esvaziá-lo urgentemente, pois ele está ao serviço de vários amigos cujo dom da fotografia dá muito bom uso à camara do telemóvel. E são fotos de verdadeira qualidade, nada de cenas de betarias ou fotos esteriotipadas.

A experiência do DVD era algo que também vem de outros campeonatos. Há cerca de três meses resolvi fazer uma pequena dvdteca com os filmes que realmente me marcaram. Ao experimentar o "fight club" no meu pc, em casa, fiquei de queixo caído, e olhos esbugalhados, ao constatar que o media player pura e simplesmente se recusava a reproduzi-lo. Estava eu na posse de um dvd genuíno, com uma grande pica para ver o filme pela enésima vez, e o pc dizia-me NÃO. Estudei o problema, procurei na net, informei-me nos locais correctos. A solução aparente era descarregar a versão "trial" de software que me permitisse ver o dvd. Aceitei as condições, e descarreguei o programa. Quase feliz, re-inseri o disco na ranhura: desta vez queriam que registasse (compreenda-se pagasse) uma licença. Comecei a ficar cansado de tanto rodeio para ver o filme. Estudei o problema, procurei na net, informei-me nos locais correctos. Uma hora depois já dispunha de um programita que me permitia forjar uma licença, e assim usufruir o bem que tinha adquirido, num bem que tinha adquirido.

Cerca de um mês depois comprei mais um dvd: A vida de Brian. Outro computador, outro dvd, o mesmo fandango: queria ver e a resposta era NÃO. Tentei resolver a questão a bem e pacificiamente, instalando o software de visualização de dvd, com a repectiva licença. Pedi depois ao reproduzisse o dvd: o PC negou-se... Experimentei utilizar o software indicado pelo fabricante do PC para reproduzir o dvd: o PC negou-se... Formulei o desejo mental de que os fabricantes de software se fossem todos reproduzir para o raio que os parta, e deixei de lutar. Cliquei num programa de distribuição livre que tinha no PC, tentei a sorte: et voilá. Abençoei as almas daqueles codificadores que lutam para livrar os leigos informáticos das encruzadilhas sombrias da protecção de direitos de utilização de software.

Foi devido a esta experiência tramática que perdi o amor a 50€, e comprei o software que acompanhava o cabo. Mas nem por isso a instalação foi pacifica: o software era apenas para ligar o cabo ao PC. Para conseguir aceder ao telemóvel a partir do portátil foi ainda necessário andar a passear pelo site da Nokia, e fazer o download de mais um porção de software.

P.S.- Em certas circunstâncias até teria devolvido o telemóvel, pois não é do da minha natureza adonar-me de algo que não seja meu. Mas a verdade é que só li as mensagens um mês depois de elas terem sido escritas. E como é sabido, as pitas betas encarquilham num prazo de quinze dias, quando não têm telemóvel, e assim sendo, ou a beta já tinha uma nova coqueluche ou já não fazia parte deste plano de existência: qualquer que seja o caso... olha... aguente-se... para a próxima não se meta em cavalgaduras desenfreadas com o telelé novo.

terça-feira, dezembro 06, 2005

Bem... Antes de tudo permito-me acrescentar que a aventura do dia do consumismo não ficou totalmente descrita. Publiquei pois de tanto demorar demasiado a relatar os eventos acabei por perder o fio condutor inicial no emaranhado dos meus pensamentos.

Bem... Após uma hora e tal de configurar contoladores, procurar software na net, coiso e tal, fui ver o belo jogo Sporting / Porto.

Não sou um fanático, muito pelo contrário, mas aprecio bastante uma boa partida de futebol bem regada por uma cervejinha fresquinha. Mais uma vez senti-me defraudado. O jogo foi, no máximo, mediocre. Ao menos as jolas salvaram a noite, e a perda não foi total (a 0,50 €...)

Para terminar um belo dia de consumo desenfreado tomei rumo, com quem me acompanhou, para a sessão da meia noite no shopping. Comprei pipocas (sei que são caras, mas sou fanático por pipocas e castanhas...) e sentei-me na terceira fila a contar do ecrã (se é cinema, e já que tenho de cuspir graveto, reservo-me o direito a ver imagens BEM GRANDES!!!!). O filme começou, e em pouco tempo confirmei a minha opinião de que o Harry Potter não é um filme em que eu esteja muito interessado. Pode ser da minha veia sexista, mas não consigo deixar de encarar a série como uma versão do Senhor dos Aneis escrita por uma gaija para gaija, mas isso é toda uma reflexão que não irei fazer agora.

Eu começava a bufar de tédio, e a dedicar atenção quase exclusiva às pipocas quando fui salvo pela intervenção divina. O meu colega do lado começava a dar sinais de incómodo devido ao excesso consumista a que se submeteu na tasca. Não tinha o filme alcançado os cinco minutos de exibição e eis que se dá o milagre das transformações: de pessoa passou a cuba de fermentação, e de cuba de fermentação a pipa rebentada em tempo record. Não me contive e ri-me compulsivamente. Ponderei limpar, mas não convém andar com uma esfregona a passear durante a rodagem do filme. Levantámo-nos e saimos, ambos aliviados à sua maneira.

A noite terminou com um passeio bastante agradável. O estado do meu companheiro inspirava atenção, e por isso acompanhei-o a casa. A noite relativamente amena, o ar fresco da noite, a rua vazia de pessoas foram uma benção que saborei, e que compensou em muito o dinheiro investido....

domingo, dezembro 04, 2005

Irmão. Ficaria maravilhosamente feliz se pudesse partilhar o dia de hoje contigo.

Infelizmente a partida também faz parte da vida. Fica a saudade, fica um vazio, ficam as memórias e momentos partilhados.

E obrigado pelo muito que me ensinas-te.

sábado, dezembro 03, 2005

Embora este blog não pretenda ser um diário da minha vida, ou algo que se pareça, existem dias cuja linha condutora comum merece reflexão...

Comecei o dia na Avenida. Dispunha de bastante tempo para perder em trivialidades, e tomei rumo a uma loja de música que se encontra na Rua de São José. Procurava preços para uma guitarra de cordas, uma vez que a minha fiel viola se encontra em inutilizada. Tinha iniciado uma jornada pelos meandros do consumismo mais puro...

Entrei na loja e interpelei o dono. Respondeu-me que havia vendido uma no dia anterior, e por isso não dispunha de nenhuma na loja. Mostrou-me outras violas, acusticas e semi-acusticas, e depois, motivado pela possibilidade de uma venda, telefonou ao fornecedor. Poucos minutos depois ficou combinado um dia (na próxima terça feira), um modelo (ZS 12 cordas, semiacustíca), um preço (240 €) e um desconto. Saí da loja rendido à ideia de empenhar um pouco dos meus rendimentos em sacrificio ao prazer da música.

Entrei no metro, e rumei aos olivais, não imaginando sequer que pouco depois estaria de volta à Baixa, e iniciaria um mini frenesim consumista.

Encurtando a estória, a meio da tarde encontrava-me no Largo do Calhariz para levantar a carta verde (por ironia, e devido ao pagamento do seguro do carro ainda não estar no sistema informático, estima-se que só para terça a consiga obter). Aproveitei a viagem para comprar uns livros que há muito quero oferecer, e o DVD "A Vida de Brian" para a minha pequena dvdeteca. O passeio terminou no Espinheira, onde comprei uma garrafinha de ginjinha sem elas.

Regressei aos Olivais. Reservei a noite para ver o filme, mas não me contive e coloquei-o no portátil... Que banho de água fria... Nem Media Player, nem Windvd reproduziram o dito. Constantemente davam erro devido à protecção dos direitos de autor. Senti-me defraudado e atraiçoado. Tinha gasto um pouco do meu salário para saborear um prazer que agora me era injustamente negado. Após muitas tentativas frustradas resignei-me. Nada podia fazer. Não tinha direito de ver o dvd que comprei!

Fui jantar. Pita Shoarma... Passei por uma loja e comprei um cabo para ligar o telemóvel ao PC, e assim conseguir passar as fotos e filmes. 10 contos... que abuso por um cabo de ligação, que mais não que de cobre e borracha.

Voltei ao meu cantinho, jantei e passei hora e meia a configurar e acertar os detalhes da ligação do PC e do telele... Tanto tempo perdido.

Bem... Agora que terminei a introdução vamos ao grão...

Como já referi considerei bastante injusto o facto de me privarem de ver um filme que comprei, num portátil que tenho em meu poder. Que raios.... Aqui estou eu, anticonsumista assumido, defensor da liberdade de ouvir musica e de ver filmes liberto dos constrangimentos comerciais impostos por moralidades obscuras a investir o meu capital e a cumprir certos protocolos comerciais, para, no que no fim, ser lixado por protecções comerciais.

Vivemos numa sociedade de consumo, onde se desrespeita quem trabalha duro e se tem deveres e obrigações para com os que são previligiados pelo sistema. E quanto a mim.... O que posso fazer para mudar isso? Em verdade nada. Não posso mudar o mundo, nem as leis que o governa.Mas só porque tenho de viver no rebanho, serei obrigado a ser arrastado pelo seu divagar cego? Recuso-me!