Regressávamos os três no carro criando conversas, a fim de evitarmos sermos dominados pelo sono e pelo cansaço. O assunto era redundante, o discurso era incoerente cheio de lapsos, falhas de memórias e necessidade de recapitular tudo o que acabava de ser dito.
Dentro do habitáculo tudo normal, para uma viagem de regresso a casa, após dois dias de actividades em contacto com a natureza. Por fora algo assustava: dezenas de pinheiros mortos borrifavam de castanho a manta verde. Lembrou-me de quando vi um pinheiro morto pela primeira vez: só, depenado, desolado, com meia dúzia de pinhas ressequidas e sem sementes. Talvez eu tivesse os meus seis anos, e aquela árvore era uma efeméride, pois era o único pinheiro despido entre os milhares que eu conhecia. Nesta viagem perdi a conta aos que estavam castanhos, matéria morta seca por dentro e por fora, esperando apenas o regresso da estiagem, e a entrega final ao fogo.
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1 comentário:
\o morte a quem mata pinheiros o/
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