quarta-feira, março 28, 2007

Deitados na colina verdejante observávamos as estrelas. O odor acre da relva recém cortada dançava em nosso redor. Não era só a clorofila que invadia os nossos pulmões: a cerveja azeda derrotara os nossos estômagos, e ali, deitados e derrotados, nos prostramos. O jogo já terminou?, perguntaste. Tentei focar o conjunto de estrelas que constituem a ursula menor. Permaneciam inquietas. Muito para o meu desagrado as estrelas tanto aumentavam como diminuíam de numero, seguindo um caprichoso ritual secreto. Quantas são afinal? perguntei, são sete ou oito, ou mais ou menos, não sei! Não estou preocupado a pensar nisso. Elas são quantas quiserem. Podem ser até mil, e ninguém se ter apercebido, e ter-se relaxado na atribuição dos nomes, perdendo uma oportunidade de tornar mais uns deuses ou pseudo-deuses gregos em imortais observadores das desgraças terrestres. Devem ser só sete, afinal, o mundo não tem tantos cataclismos assim que necessitem de tantos deuses; Dizes tu, porque não moras em todo do lado do mundo, e além do mais, estás demasiado bêbado para te levantares, ou sequer contares as estrelas. Calei-me, e esqueci-me de responder. Realmente estava demasiado entorpecido para pensar em algo de útil. Desisti de discutir, até de me levantar. Diluí-me no verde da clorofila, a terra abriu-se e engoliu-me.

segunda-feira, março 26, 2007

Na sala quadrada e escura a bola descreve a sua trajectória vezes e vezes sem conta. É lançada, bate na parede, toca no chão, regressa à mão. Uma vez. Duas vezes. Vezes e vezes sem conta. Na parede, sempre que a bola bate, um rombo se abre, cada vez maior, cada vez mais escancarado para o passado. Uma janela de caixilhos verdes escancara-se na parede antes fechada, e o perfume das laranjeiras carregadas com fruto verde desintoxica o ar viciado. As cortinas azuis e transparentes esvoaçam desafiando a trajectória da bola. Lá fora, colinas brancas salpicam-se de ovelhas verdes que saltitam como pulgas. Primeiro longe, à sombra das laranjeiras, onde se empoleiram para roubar folhas e frutos, depois mais perto, abaixo do peitoril. Duas apercebem-se da fissura que dá para uma sala escura, gritam, berram, esperneiam, e todas fogem para dentro do ribeiro azul que corta as colinas. Todas mergulham, os elementos exaltam-se, e uma lufada de raiva invisível fecha as portadas, rouba a janela e mergulha novamente a sala em melancolia. A parede, a bola, o chão permanecem constantes: a bola é lançada, bate na parede, toca no chão, regressa à mão. Vezes e vezes sem conta é presa e liberta, salta, bate, toca, marca compasso como tarola, pêndulo de relógio suíço onde o tempo é contabilizado e libertado para um mundo onde é esquecido.

domingo, março 04, 2007

quinta-feira, março 01, 2007

a piada e a ironia... a piada e a ironia... a piada e a ironia... a piada e a ironia... a piada e a ironia...